Um dos quinhentos

“Estar vivo é uma coisa. Viver são outros quinhentos …contos!”

Pra começo de conversa, se a gente parar para pensar, não precisamos ir muito longe, para perceber que se estamos aqui , vivinhos da Silva, devemos agradecer papai e mamãe um dia brincando de cabaninha, repetiram um ato de amor acompanhado sempre de uma dança sexual, que vai gerar o fruto no ventre materno, e logo os rumores se é menino ou menina começam a prosperar.

Se a gente seguir o fio da história, a timeline como se diz agora, vamos chegar a Adão e Eva, os primeiros personagens originais segundo a narrativa oficial. Desconheço outra versão.

Alguns tiveram a sorte de conhecer ainda vivos e não através de fotos na sala, os bisavós e avós maternos e paternos.
Outros ouviram falar de seus feitos e histórias pessoais, criando  um arquivo de memória com todos os elementos emocionais envolvidos.

O verbo viver começa a entrar em ação quando ao chorar ganhamos o peito e ou a atenção da mãe, o nosso primeiro amor. Dai nascendo o primeiro mandamento de sobrevivência: – Quem não chora não mama. Se tiver irmãos para dividir, começamos a aprender aqueles sentimentos menos nobres, ciúmes, carência e que vão aos poucos formando o cadinho de nosso caráter.
A socialização propriamente dita começa conhecendo os vizinhos e criando amizades por afinidade com a turma da rua e a da escola que abriga um leque de diversidade social. Ricos, pobres, do centro , da periferia, da zona rural. Brancos, pretos e mestiços.

Mas já havia uma classe, não gosto da palavra elite nem da palavra casta, que não deixava os pequenos príncipes se misturarem. E elegiam um ou dois para irem brincar no castelo. Eu era um dos escolhidos, era educado, bom aluno, e não era brigão. Em Rio grande foi assim e em Porto Alegre, também. Na hora da passagem da chamada faixa etária, de querer participar das brincadeiras da turma mais velha, o processo pode ser doloroso e o verbo viver (lembra?) passa a ser conjugado no modo introvertido, e um caráter anti-social, por pura defesa emocional, vai se desenhando.

Ao fim e ao cabo, como diz o ditado gaúcho, o que não mata engorda, sobrevivemos as tempestades naturais, inclusive aos ciclones que começaram a desviar de rota e chegar por aqui. As tempestades políticas nos acostumamos, nos adaptando aos altos e baixos da inflação que vai afetar o pão nosso de cada dia.

por: adolfo.wyse@gmail.com

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