Arquivo mensal: Maio 2024

A criança interior!

“O menino é o pai do homem”. Esta frase encontrada no livro “O menino e o Bruxo” de Moacyr  Scliar que narra o encontro de um menino com o Bruxo do Cosme velho, como ficou conhecido Machado de Assis, ilustra o encontro do Machado velho com ele menino, e enriquece o entendimento do que vai ser este artigo.

Já é de domínio público, isto é, replicado de geração para geração, que quando envelhecemos viramos crianças novamente. Quem nunca ouviu: parece criança!

Vou deixar para os especialistas de plantão, psicólogos, psicanalistas, explicar a diferença entre crescer e envelhecer. Porque tem muita gente que  envelhece e não cresce também.

E agora mesmo me pergunto em que categoria me encaixo, e me vejo enquadrado nas duas. Envelhecendo, chegando ao quarto tempo (Medida de um jogo de basquete – quatro tempos de 12 minutos cada), convertendo para o tempo humano, quatro quartos de 25 anos cada, mas ainda me sentindo como criança, diante das responsabilidades que a vida exige, e a maior delas é aprender a viver e amar, sem reservas e sem discriminar quem quer que seja, como uma criança faz, até começar a ser educada para competir e criar muros, e quando a gente vê, não dá mais para descer.

A única certeza que tenho, é que é um processo pessoal e intransferível. E cada um vai buscar jeitos e maneiras de cumprir a jornada do herói, que qualquer livro de -ajuda sugere um passo a passo, que ao fim e ao cabo, nos diz aquilo que Sócrates já pregava:
Conhece-te a ti mesmo.

Assim, se vocês me virem jogando peão, bola de gude, botão, soltando pipa, colecionando figurinhas, não se alarmem. Estou buscando minha criança interior, que um dia se perdeu, ou se escondeu, assustada,  quando a vida disse: chegou a hora de mudar de fase. Acabou a infância, começa a adolescência, depois virá a vida adulta, e por fim a velhice. E depois o The End, que dizem ser uma porta para outra jornada, sob novas condições de temperatura e pressão. Assim espero!

Por: adolfo.wyse@gmail.com

É domingo!

É domingo! Sei disso porque já vivi muitos domingos. É dia de acordar tarde, espreguiçar a manhã, ler e reler o jornal do dia, antes ou depois da missa, ritual sagrado para os católicos.

Tem o almoço de família, enquanto os pais, mantém a tradição, e enquanto os filhos não crescem, e saem de casa, em busca de tudo que o ser humano necessita, um trabalho, que se não é o dos sonhos, pelo menos garanta um sustento digno, para dois no início, e depois para os filhos também, e o círculo se fecha, e o almoço de domingo, ganha nova configuração. Avós, enquanto vivos, pais, filhos e netos em volta da mesa.

Os saudosistas vão dizer,  que os domingos não são mais o mesmo, embora estejam errados, o domingo, o dia,  é o mesmo. E argumentam: No nosso tempo e aqui mais uma vez esquecem de dizer que o tempo abraça a todos, e as mudanças são percebidas no comportamento social e cultural.

Se antes, o programa da tarde era ir ao estádio, assistir o campeonato regional ou mesmo um jogo de várzea, privilégio dos homens, até então, a televisão estendeu o alcance para os campeonatos internacionais.
A mesma coisa pode se dizer, da sessão da tarde dominical nos cinemas do bairro e do centro.
Com o advento dos vídeos em fita e depois dos serviços de assinatura, os cinemas começaram a fechar e o que era um hábito saudável, sair para ir ao cinema, ao jogo, tornou-se um hábito sedentário, sentar no sofá da sala e assistir à TV.

Com a revolução da internet, a vaquinha deitou de vez, expressão muito usada por comentaristas de Basquete. Que significa, a vaquinha cansou, adeus as visitas de domingo na casa dos amigos, o chá da tarde das amigas.

E o refrão dos Mosqueteiros (Um por todos, todos por um), virou (Cada um por si e Deus por todos)
Mas é domingo, cada um vai curtir o seu, e todas as opções estão abertas.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Livros para ler antes de morrer.

Esta lista subjetiva, como todas as listas, pode variar de cem a mil, dependendo, é claro, do interesse e do tempo de cada um. Vou ficar com uma de cem, encontrada na internet, que lista desde os clássicos, até os mais atuais, consagrados como literatura universal, divididos em categorias, que não é necessário descrever aqui

Caso você seja um amante dos livros, como eu, e sentir que a lista está se esgotando, isto é, já leu quase tudo, não precisa levar ao pé da letra, o título, entendendo que ao fim da leitura, vamos morrer. Se existe uma coisa que nunca vamos saber, é isto, e nem se vamos gabaritar antes que o último grão da ampulheta…

E não está escrito em lugar nenhum, que não podemos fazer releituras (e nem precisamos disto), uma vez que a biblioteca é infinita. Eu gosto de releituras. Reativa a memória que o tempo vai corroendo.

Não fiz a minha lista, como manda o figurino, listando de um a cem. Mas num apanhado geral, listando os meus autores preferidos, pelo conjunto da obra, já atingiria essa meta. Juntando Borges, Julio Cortázar, Gabriel Garcia Marques e José Saramago, já daria mais de cinquenta.

Mas não estamos em nenhuma competição, não é mesmo?
Vou concluir, que assim como tem gente, muita gente, que disputa ou corre por prazer, maratonas, eu leio livros.

Li quando tinha vinte anos, “O jogo da Amarelinha”, com 699 páginas. E ” Cem anos de Solidão”, com 471 páginas.
No ano passado. Com 73 anos, li “Grande Sertão – Veredas” de João Guimarães Rosa, com 435 páginas.
Agora em Abril, com 74, li os dois volumes de “Os irmãos Karamazov” com 999 páginas, os dois volumes, e “Crime e Castigo”, com 563 páginas, do Dostoiévski.

Neste intervalo de 54 anos, li muito mais livros, que, se um dia a minha memória me ajudar, e o Oráculo está ai mesmo, para lembrar, eu vou fazer a minha lista, não definitiva, e sem qualquer intenção de ostentação, como se vê, diariamente nos canais de comunicação, principalmente TV, escritores, intelectuais e outros, posando com uma biblioteca de pano de fundo, que dá para perceber a olho nu, pela arrumação dos livros, se são novos ou velhos, e ficamos nos perguntando? – Esse cara leu tudo isso?