Todos os artigos de Sidnei

Uma coisa é uma coisa, diferente de outra coisa.



A luz faltou, corre-se para desligar a geladeira, a televisão, artigos de primeira necessidade que não podemos nos dar o luxo de ver queimar com a volta brusca da energia.
Neste momento paramos para dar valor a estes serviços essenciais e rezamos para que a light não demore muito para consertar o transformador que estourou, e possamos voltar a usar o elevador, ligar o liquidificador, a máquina de lavar, e que não nos falte a água ao mesmo tempo.

Não sei se ainda existem aqueles aparelhos de música 3 em 1, toca disco, amplificador e receiver, que eram práticos na ocupação do espaço, mas quando escangalhava um, todos eram afetados.

Levando o assunto para o  social coletivo, quando acontecem as legítimas greves dos trabalhadores em transporte, por exemplo, motoristas de ônibus, funcionários do metrô e dos trens, é que sentimos na pele a falta desses serviços essenciais.
Quando eu era bancário ficava indignado toda vez que no mês de setembro, mês dos dissídios coletivos, o sindicato declarava greve para forçar uma negociação mais favorável e a justiça do trabalho sempre condenava invocando a cláusula de serviço essencial.

Quando os trabalhadores da limpeza pública resolvem paralisar os serviços é que sentimos literalmente o cheiro do lixo que produzimos, e da real valorização que devemos dar aos profissionais da saúde, educação, segurança e dos transportes.

Enquanto movimentos pacíficos,  todas as greves são legítimas. O que não pode acontecer é o direito de ir e vir ser interrompido por queima de pneus e quebra quebra de patrimônio público ou privado. O bem estar comum deve vir sempre em primeiro lugar, o primeiro princípio para se viver bem em sociedade, reunião de comunidades
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por: adolfo.wyse@gmail.com

Um dos quinhentos

“Estar vivo é uma coisa. Viver são outros quinhentos …contos!”

Pra começo de conversa, se a gente parar para pensar, não precisamos ir muito longe, para perceber que se estamos aqui , vivinhos da Silva, devemos agradecer papai e mamãe um dia brincando de cabaninha, repetiram um ato de amor acompanhado sempre de uma dança sexual, que vai gerar o fruto no ventre materno, e logo os rumores se é menino ou menina começam a prosperar.

Se a gente seguir o fio da história, a timeline como se diz agora, vamos chegar a Adão e Eva, os primeiros personagens originais segundo a narrativa oficial. Desconheço outra versão.

Alguns tiveram a sorte de conhecer ainda vivos e não através de fotos na sala, os bisavós e avós maternos e paternos.
Outros ouviram falar de seus feitos e histórias pessoais, criando  um arquivo de memória com todos os elementos emocionais envolvidos.

O verbo viver começa a entrar em ação quando ao chorar ganhamos o peito e ou a atenção da mãe, o nosso primeiro amor. Dai nascendo o primeiro mandamento de sobrevivência: – Quem não chora não mama. Se tiver irmãos para dividir, começamos a aprender aqueles sentimentos menos nobres, ciúmes, carência e que vão aos poucos formando o cadinho de nosso caráter.
A socialização propriamente dita começa conhecendo os vizinhos e criando amizades por afinidade com a turma da rua e a da escola que abriga um leque de diversidade social. Ricos, pobres, do centro , da periferia, da zona rural. Brancos, pretos e mestiços.

Mas já havia uma classe, não gosto da palavra elite nem da palavra casta, que não deixava os pequenos príncipes se misturarem. E elegiam um ou dois para irem brincar no castelo. Eu era um dos escolhidos, era educado, bom aluno, e não era brigão. Em Rio grande foi assim e em Porto Alegre, também. Na hora da passagem da chamada faixa etária, de querer participar das brincadeiras da turma mais velha, o processo pode ser doloroso e o verbo viver (lembra?) passa a ser conjugado no modo introvertido, e um caráter anti-social, por pura defesa emocional, vai se desenhando.

Ao fim e ao cabo, como diz o ditado gaúcho, o que não mata engorda, sobrevivemos as tempestades naturais, inclusive aos ciclones que começaram a desviar de rota e chegar por aqui. As tempestades políticas nos acostumamos, nos adaptando aos altos e baixos da inflação que vai afetar o pão nosso de cada dia.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Eleitor honesto procura…

Esta semana começa oficialmente a propaganda eleitoral nos canais de rádio, tv e redes sociais. É preciso estar atento e forte. Em primeiro lugar para separar o trigo do joio, ou se preferir não se sentir insultado pelo baixo nível que será apresentado, desligar os controles.

Estes candidatos as câmaras de vereadores, de deputados, de senadores, aos palácios de governo estaduais e palácio do Planalto, virão travestidos de seres humanos, de gente como a gente, ocupando os espaços populares, praças, mercados, estádios.

Não se deixe enganar por um ou outro discurso novo. O que está em curso é a boa e velha política em busca do ouro, que é uma cadeira na corte democrática, onde o jogo é jogado como a gente sabe, com todos os valores democráticos sendo violentados, e as forças do mercado falam mais alto, a corrupção encontra a fome e a vontade de comer, e o famigerado jeitinho brasileiro se estabelece, encravado na máquina pública.

O orçamento é a palavra de ordem.
(Passamos dos Anões do Orçamento e chegamos ao obsceno Orçamento secreto)

Enquanto o cidadão comum empregado depende da ajuda do estado , bolsa família, auxílio emergencial, o desempregado está dependendo mesmo da caridade pública, que é a verdadeira, pobre ajudando pobre, para comer.

Ao mesmo tempo estes candidatos todos tem a sua espera, direito adquirido, de pai pra filho, ou pra apadrinhado político os seguintes benefícios, penduricalhos atrelados a sua folha salarial:
Auxílio moradia, auxílio gasolina, Auxílio paletó, verba de gabinete, e não precisamos nem falar das mal faladas rachadinhas.

Eu tenho um sonho e sou um sonhador, a exemplo de Martim Luther King, John Lennon e Gandhi. Sonho com uma reforma política geral e irrestrita e com um mundo sem fronteiras raciais, onde a única ideologia que vigora é aquela dos velhos hippies: Paz e Amor.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Datilografia

Fiz o curso de datilografia no único curso que existia em Rio Grande e que me serviu quando fiz o teste para meu primeiro emprego no Sindicato dos Estivadores de Rio Grande. A prova consistia em datilografar um texto em um determinado tempo. Com o mínimo de erros, que naquelas velhas máquinas Underwood e Remington não dava pra corrigir na hora. Digitava com os oito dedos e fui aprovado.

Depois, quando comecei a trabalhar em banco, desenvolvi uma técnica de digitar com 3 e 4 dedos, porque os números passaram a ser parte importante da pauta. Com o teclado do computador adoto a mesma técnica e no celular, no bloco de notas,  digito este texto por exemplo, usando apenas o indicador da mão direita.
Vejo jovens andando na rua, nos transportes digitando com os polegares.

Ao fim e ao cabo, o que vale mesmo, não é o tempo que você gasta para escrever, que dedos usa para digitar, e se for a mão, qual lápis ou caneta foi utilizada, e o tipo ou tamanho da fonte. O que vai pesar na avaliação do leitor, o destinatário em primeira instância de qualquer comunicação por escrito, seja memorando, carta, Livro, são as palavras escritas de maneira certa, obedecendo as boas e velhas regras gramaticais, de modo que a mensagem seja clara e legível, evitando assim qualquer chance de ser mal interpretada.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Papo de Domingo

Por mais que se ouça que Política, Religião e futebol não se discute, são os assuntos mais presentes nas rodas de amigos e de família. E a menos que você não queira ser taxado como metido a besta, antissocial e coisa e tal, participar da conversa é o mínimo que se exige deste contrato social não escrito.

Ler a crônica da Martha Medeiros hoje com o título “Esquerda Caviar” me animou a expressar o que eu penso e sinto sobre posições ideológicas. Das posições sexuais falaremos em outro momento mais oportuno, quando os maiores de 70 anos não estiverem mais na sala ou conectados em suas redes.

Desde que atingi a maioridade para votar até atingir a maturidade política, assisti a dança das cadeiras na alternância do poder, ora a direita, ora a esquerda e na maioria das vezes o centrão (soa familiar?) e não vi nenhum crescimento e progresso no chamado saneamento básico,  sem falar no básico que é, saúde e educação, e a saúde começa por uma boa alimentação que vai ajudar muito na hora de estudar.

O país é rico na produção de alimentos. Tem mão de obra barata. O que falta? Vontade política! A seguir sugestão de uma reforma política, embora a frase de Giordano Bruno caminhando para a fogueira, não saia da minha cabeça:

“Que ingenuidade, a minha. Pedir para quem tem o poder, reformar O poder”.

Segue a sugestão:

Deveria ter uma cláusula pétrea em todos os mandatos políticos, que diz: Todo político, em qualquer esfera, municipal, estadual e nacional, só terá direito a se candidatar a reeleição, se houver cumprido com seus deveres para com a sociedade, isto é, entregando o prometido na campanha. Pelo menos o essencial: Saúde, Segurança, Educação e Trabalho. Transporte público de qualidade. Uma comissão julgadora composta por membros de todos os partidos julgará imparcialmente cada candidato. As obras que foram feitas e a aplicação dos recursos públicos, o imposto nosso de cada dia. No caso de um empate técnico, uma consulta popular restrita ao Raio da esfera da candidatura, decidirá a questão.

Com isso, não sei se a democracia será aperfeiçoada, e voltará a ser o que prega a sua essência: um governo do povo para o povo. Mas pelo menos esta prática obscena
de um candidato com um mandato padrão de quatro anos, passar dois anos enrolando a massa, atribuindo ao antecessor as mazelas atuais, as obras inacabadas, e no terceiro ano já entra em campanha eleitoral pela reeleição, com o agravante de usar a máquina e
os recursos públicos a seu favor.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Viver, Morar e Orar

A vida segue, seguiu e continuará seguindo seu curso e não há nenhum grande mistério nisso.A imagem de um rio que nasce e segue seu curso até encontrar o mar é mais popular e fácil de visualizar sem maiores especulações filosóficas ou metafísicas.
O primeiro pensamento veio durante o café e logo veio o segundo, imaginando a vida em um castelo ou em uma casa de pescador.

Lembrei então que quando compramos nosso atual apartamento, o jovem proprietário,  pai de 3 filhas, nos disse: – Fomos muito felizes aqui!

Quando eles mudaram deixaram atrás da porta principal pendurada com uma fita na dobradiça do meio, uma oração que ficou ali por 18 anos sem nos incomodar e hoje fui ler o que estava escrito (a folha estava virada e talvez por isso nunca havia lido), e lá estava uma oração chamada: –  Oração de proteção a família. Que deve ser muito conhecida pela comunidade católica e evangélica, senão pelo seu conteúdo, mas por vir assinada por um destes padres que viraram Celebridade,  com programas no rádio e na tv.

Não pensamos tão cedo em nos mudar daqui. Mas se algum dia acontecer, seja qual motivo for, e para aonde for, e a idéia de uma casa de pescador não está descartada, então eu direi ao jovem comprador:-  Fomos muito felizes aqui. E a oração ficará onde está.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Trem das onze para Sampa

Em março de 2020 fomos para SP para visitar o Daniel irmão da Tânia e a Mariley,  minha irmã, e comemorar juntos o aniversário da Tânia. O churrasco programado pelo Daniel teve que ser cancelado por conta da COVID que chegava fechando tudo e instituindo o distanciamento social. Voltamos literalmente no último vôo para o  Rio.

Voltamos agora em Maio , dois anos depois, e o roteiro já foi completamente diferente. A começar pelo transporte. Fomos de ônibus, que as passagens aéreas estão com preços nas alturas,   e aqui vai a primeira dica que a Mariley nos deu. Uma nova empresa de ônibus oferecendo passagens baratíssimas. No começo fiquei desconfiado mas resolvemos arriscar e deu tudo certo. Acreditem. Gastamos 100 reais cada um, passagem dia e volta, ônibus semi leito, de rodoviária para rodoviária. O preço de um Uber do terminal do Tietê até a casa da Mariley. Se fosse o caso. E aqui entra o segundo bônus. Tem uma nova linha do metrô que deixa na porta da casa da Mariley. Só precisa fazer uma baldeação o que foi tranquilo.

Por causa do frio fizemos os programas durante o dia e a noite ficamos vendo séries. Fomos ao museu da língua portuguesa que foi reconstruído, ao MASP que além do acervo clássico tinha uma exposição do Volpi. Fomos a exposição de imersão do Van Gogh no shopping Morumbi que foi de estontear  e emocionante. Marcamos ponto é claro no mercadão para comer o famoso sanduíche de mortadela e pastéis. Fomos conhecer o bairro da liberdade. Jantamos um dia na casa do Daniel que nos ofereceu um churrasco no sábado. No primeiro domingo a Mariley convidou minha sobrinha Mariana com o marido Daniel e minha sobrinha neta Malu para almoçar. No segundo domingo retribuiu com um almoço ao Daniel e a Fanny.

Em 2020 um terreno em frente ao prédio (aqui eles chamam torres) estava sendo preparado para construção. Hoje estavam erguidos na fase de acabamento. 3 torres menores do que as do conjunto onde mora a Mariley.

Andamos muito de metrô e me chamou a atenção o silêncio dentro dos vagões, tirando o barulho dos ambulantes, que existem em qualquer lugar do mundo. Trabalhadores. Homens e mulheres.indo e vindo do trabalho. Cada um com seus pensamentos e preocupações com o pão de cada dia.

O melhor de tudo mesmo foi o carinho e a hospitalidade recebidos na pousada da Mariley com todo um padrão Varig de Excelência.O mesmo para o Daniel e a Fanny.

Já passou da hora de ter um trem noturno para Sampa. Trem das Onze.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Então é Páscoa?

Quer queira, quer não, nesta data de forte narrativa religiosa, um paisano é remetido a sua infância onde as experiências vão deixar marcas, em alguns mais, outros menos, dependendo do grau de frustração ou exultação, quando da passagem do coelhinho da Páscoa.

Não vou ficar resmungando aqui que ficava na turma dos frustrados, aqueles, que por motivos que não cabem aqui, não recebiam a visita do coelhinho e no dia seguinte, ficavam  invejando o coelho maciço de chocolate que o amiguinho ganhou e exibia com ostentação.

Ontem vi na televisão um trabalho muito bonito realizado por uma Ong “Voz da Comunidade”, organizando a arrecadação e distribuição de chocolates em todas as suas formas , na comunidade do Alemão no Rio de Janeiro. E tem muitos outros por este Brasil afora, feitos por voluntários com muito amor.

E nestas horas, meus amigos, um tijolinho, um Mandolate,  uma barrinha de cereal, vale tanto ou mais, que um coelho maciço de chocolate.

Por: adolfo.wyse@gmail.com