Cinco Marias (2 – JACIRA)

No distrito de Capão do Meio, encravado como o  nome diz,  entre os Distritos  de Bojuru e Mostardas e quem não é do Rio grande pode ver no mapa,  uma faixa de terra cercada,  pela  Lagoa do Patos por um lado e do Oceano , que a gente chamava de mar grosso, pelo outro. Se eu estiver errado nas referências geográficas, (se a localização está certa) peço ajuda aos universitários da família Rajão que tem residência em Rio Grande,  mas tem uma extensão familiar que mora em São José do Norte.

Descrito o cenário,  é hora de apresentar a personagem principal que merece a maior atenção por reunir em torno de si os coadjuvantes primários e secundários.

O nome dela é Jacira,  e está viva graças a Deus,  morando perto de São José do Norte. Uma mulher com um espírito alegre (muito parecido com o da sua irmã Maria que vai ser cantada em outra crônica), apesar dos golpes que a vida lhe aplicou, e que não é qualquer um que supera.

Eu entro na história com 8 ou 9 anos de idade quando fui passar férias de verão na casa da tia em Capão do Meio. Aquelas férias que quando você volta pra cidade e pra escola tem material para escrever aquelas redações: Qual foi a melhor férias de sua vida?

Lá fui recebido por ela, seu marido, O Joyce (mas a família toda chamava por Lucas), o Lies, o Brizola e a Liana, seus filhos e meus primos.
Na casa de pau a pique com chão batido,  comi muita tainha frita,  muito ovo,  e carne também,  que sempre tinha um vizinho carneando um boi na semana.


Era época de colheita da cebola e a safra tinha sido boa. Eu lembro que fomos para uma festa em Bojuru e o Lucas com aquela cara de mau, tipo  “Pai Patrão” (tem um filme Italiano com este título)  estava relaxado e me tratou como um príncipe da cidade. Era um homem amargo e duro com os filhos, menos a Liana, que por ser mulher e mais nova,   era o seu quindim. Lá eu aprendi na prática, que grama tem espinho e se você tiver pés delicados de quem anda em cidade de tamanco ou alpargatas, (não havia tênis ou havaianas na época), vai sofrer até criar aquela crosta protetora. Não aprendi a pescar de tarrafa
porque não tinha tamanho e força, assim como a caçar perdizes e marrecas, mas o Lucas nos levava, nas caçadas e pescarias. No mar grosso eu lembro de ir uma vez, em uma expedição coletiva, com outras famílias, onde passamos o dia inteiro na praia enchendo sacos de mariscos frescos, grandes e saborosos.

Hoje tem estrada asfaltada que permite ir de Rio grande a Porto Alegre em um pulo,  quando antes,  para ir de  São José do Norte  até o Capão do Meio,  era pela beira da praia de caminhão com um olho no volante e outro na maré, que se estivesse alta impedia a travessia.

Hoje a tia mora ali por perto em uma chácara em  uma casa de madeira mais digna, com mais conforto material,  que os filhos ajudaram a construir . Mas conforto Espiritual nunca faltou.

Vou postar no Facebook , quem tiver o contato da Liana compartilhe ,  para que ela ou um dos netos (as) leia para ela.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

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