O clube
Dizem que existe um clube seletíssimo onde os destinos das nações são traçados. Onde se reúnem, uma vez por ano, em local e data nunca fixos, lideranças políticas eleitas ou destituídas conforme ordens expressas emanadas de lá.
Considerando o poder que cada sócio carrega ou representa, fica difícil imaginar uma mesa de reunião à “La Távola Redonda”; o mais razoável é uma mesa retangular onde, à cabeceira, apenas um coordenador de reunião com um estatuto e um código de conduta à mão secretaria e leva a reunião em boa ordem. Um computador de última geração, patrocinado em conjunto pela Microsoft e Apple e com o Google Maps atualisadíssimo para dar aos sócios toda a movimentação geopolítica e um banco de dados completo, auxilia na tomada de decisões.
Se vocês pensaram, como eu, que os personagens que aparecem com frequência em fotos de reunião do G7, G20 são membros desse clube, com certeza tem uma cadeira onde alguém os representa. E ficamos a nos perguntar: o que é o Poder? Qualquer um pode representá-lo?
Tentando responder a essas questões alguns homens queimaram mais do que as pestanas; Giordano Bruno foi um deles e era muitíssimo respeitado, ao ser levado para a fogueira, entendeu: “Que ingenuidade a minha! Pedir, a quem detém o Poder, para reformá-lo!”.
Voltando ao clube, existem sócios pessoas físicas (bilionários em geral), pessoas jurídicas, empresas que detêm o PIB de algumas nações, lideres religiosos, cada um representando o seu nicho, e não vamos esquecer da mídia, cujo representante pode vir a ocupar duas cadeiras, não porque seja gordo ou mais poderoso, mas por ter o nome na lista dos bilionários também.
A razão de ser desse clube está definida e expressa em um banner móvel, exposto na parede da sala de reunião, a exemplo do que vemos em qualquer empresa moderna:
– Nossa Missão –
Manter o capitalismo como sistema único e absoluto. Haja o que houver. Custe o que custar. E em letras miúdas: “distribuir riquezas quando sobras houver”.
A crise de 2008 serviu para demonstrar, sem nenhuma sombra de dúvida, que os problemas do mundo não são decorrentes de falta de lastro. Tanto é assim que a grana veio em sua maior parte da China, país que há pouco passou a ocupar uma cadeira no clube, que naquele ano reuniu-se em dia e local desconhecido.
Falam as más línguas, a minha incluída, que após a reunião os sócios fizeram uma festinha fechada, coisa íntima (em ambiente totalmente blindado) para descarregar as tensões e aliviar as pulsões, afinal são seres humanos e é uma prática comum hoje, após seminários ou conferências, patrocinados ora aqui ora ali, por alguma indústria farmacêutica ou cia. de seguros.