Depois que voltei dos médicos com a avaliação dos exames, a inspiração, aquela que alguns poetas românticos chamam de Musa, resolveu dar uma voltinha, afinal ela já me conhece e sabe que eu fico insuportável com aquela irritação tão parecida com a da abstinência do cigarro, do álcool e do sexo.
Para agravar a tensão este cenário de velório coletivo acaba com qualquer boa intenção de tentar escrever algo mais leve e com alguma esperança de pelo menos por um momento afastar as nuvens sombrias do medo e da depressão.
Quando se está em um voo a dois mil metros de altura, o comissário de bordo indicar que existe 2 portas de emergência e assentos flutuantes para o caso de um pouso forçado no oceano, e não menciona em nenhum momento a existência de um paraquedas individual não ajuda muito um paisano a relaxar .
O povo, o inventa línguas, como muito bem disse Maiakóvski sabe muito bem se defender nestes momentos críticos. E recorre sim ao cigarro, álcool, drogas e remédios controlados ou não, e como disse Chico Buarque na música, “Meu Caro Amigo” , sem a cachaça ninguém segura este rojão. Eu prefiro a cerveja.
Até os 53 anos fiz uso compulsivamente destes recursos menos drogas e remédios controlados, para aguentar o estresse do trabalho e as tensões emocionais do dia a dia.
Hoje recorro a música, a poesia, a literatura, cinema e a filosofia dos 12 passos em cuja essência está a sabedoria de viver um dia de cada vez, muito aplicada nos grupos anônimos ao redor do mundo.
O dia de amanhã tem seus próprios cuidados. Isto deveria ser suficiente para nos tranquilizar.