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O Semeador

Quando eu fiz a primeira edição do Livro “Canção para Iara” em 2011, uma edição caseira, como se diz, para consumo próprio, distribuir para os familiares e amigos,  50 exemplares que estavam dentro do meu orçamento, a editora foi a Virtual Books. E fiquei muito feliz com o resultado gráfico.

Por um destes mistérios que só o Google pode explicar, recebi um email de uma mulher me consultando sobre a editora, dos custos e coisa e tal. Respondi e ainda disse que iria mandar um exemplar, que ela me passasse o endereço e para minha surpresa morava a três quadras daqui. Deixei então na sua portaria o livro.

No dia seguinte recebo um E-mail agradecendo e  que para meu duplo espanto dizia:  – Obrigado por salvar minha vida.

O primeiro espanto foi perceber o peso das palavras. O segundo, o tamanho da carência humana.

Antes de começar este post fui consultar o significado de semeador, e diz assim: – que ou quem semeia e por metáfora, que ou quem divulga idéias e doutrinas. Seguindo o link,  me deparei com a Parábola do Semeador, literal e explicada didaticamente, por Jesus. Até então eu não conhecia e como a própria parábola fala, não tinha ouvidos para ouvir. Independente da sua crença religiosa, dê uma espiada, só vai te enriquecer espiritualmente. Salvei e vou usar em minha meditação diária.

Hoje após mandar aquelas mensagens motivacionais de bom dia para a minha lista de transmissão, recebi de um membro um agradecimento.

“Bom dia Adolfo, obrigado pelas mensagens diárias, tem me ajudado muito. A de hoje então, está perfeita. Grande abraço.”

Acabei de descobrir o que eu quero ser quando crescer: – Um semeador da palavra. Uma palavra imantada de amor, humor, amizade, solidariedade e de Paz. Como disse John Lennon: – Sou um sonhador, mas não sou o único.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Quer aparecer, aparecido?

O pessoal antigo, alguns da minha turma, usavam muito aquele ditado popular que dizia: Se você quer aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Com o advento da televisão e aqueles programas de auditório de grande audiência, qualquer um podia aparecer como calouro ou um daqueles sorteados para participar de gincanas de conhecimento entre duas equipes.

O campeão de audiência atual,  e que bom que só dura uma vez por ano, é o BBB, que só de pronunciar a sigla, minha alma estremece, e não consigo deixar de escapar um:  – Tende piedade Senhor!

O fato é que tem lista de espera para ser indicado e depois de passar por um filtro que não fica nada a dever aquele aplicado em qualquer circo de horrores, os mais
Bizarros são eleitos para exibir suas bizarrices que vão muito além de tatuagens e piercings, que já fazem parte da cultura popular.

Alguns, antigos ou novos, acabam por se destacar naturalmente, sem recorrer a roupas extravagantes ou espalhafatosas, por carisma de liderança, pelo   comportamento, pela inteligência, normalmente o critério de maior destaque.

Aqui entra aquele divisor de águas,  que vai colocar de um lado os extrovertidos e do outro os introvertidos, em maior número, arrisco mesmo a dizer na proporção de 80/20. Estou no lado dos inibidos. Os desinibidos estão no momento sendo chamados e classificados em uma nova categoria, como Influencers digitais, o que não quer dizer necessariamente, que o cara ter um milhão de   seguidores pode ser considerado um formador de  opinião. Essa coisa de segue o líder, deixou de ser sério, desde que a torcida do Flamengo, adotou o slogan, para humilhar os times abaixo na tabela.

No fundo,  lá no fundinho do inconsciente, – tô falando do meu, não do coletivo, – se esconde o desejo de ser reconhecido, e quem não é visto não é lembrado. E querer ser reconhecido é diferente de querer ser  importante, apesar de serem vizinhos na rua onde mora a vaidade.

Hoje estou mais para perseguidor do que seguidor ou líder de audiência, basta olhar o número de amizades no Facebook. Não passa de 110,  incluindo aí o seio familiar
que ocupa 50% da lista.

Persigo hoje ser uma pessoa mais útil naquele raio de ação que possa alcançar. Para isso, sigo sim, aqueles grandes líderes, que hoje são (Hors Concours ) , que um dia transcenderam a si mesmos em todos os campos da atividade Humana, especialmente nas Ciências e nas Artes.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Primeiros traços do dia

A madrugada ainda bocejava quando acordou e ficou deitado alguns minutos repassando os sonhos para não esquecer e quem sabe poder usar algum na postagem do dia. Mas bastou o tempo entre o levantar, lavar o rosto, escovar os dentes e tomar o café,  quarenta minutos depois, seguindo uma recomendação destas encontradas na internet,  de tomar 2 copos de água em jejum, para melhorar o metabolismo e quem sabe ajudar no fluxo intestinal,  – mais engarrafado que Avenida Brasil na hora do rush -,   para esquecer tudo.

Oxalá, estejam em algum arquivo temporário na área de transferência.

Com os primeiros pensamentos do dia aconteceu a mesma coisa. E dizem, são os mais limpos, ainda livres da poluição mental enquanto não começamos nosso passeio pelas redes sociais. Lembro de um e vou tentar resgatar até o fim deste post a frase que tinha a ver com a história do copo meio cheio, de como o otimista e o pessimista o viam. Trazia embutida também os sentidos de agradecer e reclamar.

Já fiz o caminho de volta e não encontrei. Desapareceu como aquelas frases que a gente escreve na areia da praia. Só me resta me desculpar e prometer assim que lembrar, fazer um adendo e fazer soar os sinos das notificações.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Rascunhos

A frase mais conhecida estampada normalmente na primeira página destes manuais de auto ajuda é: “Toda jornada começa com o primeiro passo”. Para reforçar, é possível encontrar na mesma página aquela outra frase: – “Para construir uma casa se coloca um tijolo de cada vez”.

Está é uma regra universal que é aplicada em todos os estágios do desenvolvimento, inclusive na literatura, que se diferencia apenas quando na aplicação do verbo. Criar ao invés de construir. Um pedreiro pode construir 10 casas com uma  arquitetura diferente. Alguém criou os desenhos.

Gosto de comparar a imagem de uma mulher tricotando. Se ela tiver um modelo, mesmo que ela não tenha feito nenhum curso, nem uma avó que passou as dicas dos pontos, dos contrapontos, ela até vai conseguir fazer os sapatinhos de bebê, uma manta ou um cachecol, apenas vai levar mais tempo e despender um esforço maior. No caso de ela ter feito o curso ou recebido a orientação da avó, a primeira dica é ter um modelo ou um desenho do que pretende criar; senão vai gastar Lâ a toa, e o resultado vai servir apenas como aqueles suportes de mesa que ficam escondidos embaixo de travessas.

Com a escrita não é tão diferente.

Como uma criança que desenha uma casa e depois começa a introduzir por ordem de importância em primeiro lugar, em  segundo de aparição, os  personagens. A Mãe é a primeira, o Pai , os irmãos, os vizinhos, os amigos e amigas. Assim, o Universo vai se expandindo e as histórias vão nascendo.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Passeios Noturnos

Caminhava na direção da feirinha de artesanato instalada ali no largo entre a rua São José e aquela outra que tinha o prédio alto da sede do Banerj. Quando chegou perto da primeira barraca consultou o relógio no pulso esquerdo que marcava 8h20 . Se deu conta então que estava vestindo uma calça jeans com uma camisa polo listrada e que precisava se apressar para ir em casa trocar de roupa, colocar o terno que já era como um uniforme onde apenas a camisa e a gravata variavam de cor. Atravessou então o Largo da Carioca em direção a Cinelândia para pegar o metrô e se perguntou se o seu passe ainda estava valendo uma vez que não andava de metrô a mais de um ano por conta da Pandemia. Começou a ficar ansioso e angustiado ao calcular o tempo e sentir que não teria como chegar no trabalho às 9h em ponto. Quando começou a Imaginar desculpas para o atraso, acordou aliviado por estar aposentado.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

A Jornada dos Heróis

A esta altura do campeonato, que quer dizer a mesma coisa que depois de tanto tempo passado, as pessoas continuarem curiosas e se perguntando se Capitu traiu ou não Bentinho, não vai afetar ou ter o menor efeito moral sobre os relacionamentos modernos, onde os triângulos e quadrados amorosos são mais comuns do que podemos imaginar.

O relevante aqui é a maestria com que Machado de Assis, carinhosamente conhecido como o Bruxo do Cosme Velho, conseguiu insinuar a dúvida e não revelar nem no final do livro Dom Casmurro, a verdade.

Na aula de escrita literária desta semana ( Se falar Master Class  fica mais chique), o professor disse que toda literatura nada mais é do que a repetição de histórias antigas, comédias e tragédias que os gregos cantaram em prosa e verso, vide.  A Odisseia e a Ilíada, de Homero.

Aquilo que Chacrinha, o velho guerreiro já sabia e buzinava aos quatro cantos: –  No mundo nada se cria tudo se copia.

Nos livros policiais onde sempre tem um crime como o centro de ação da narrativa, podemos sempre observar que os motivos são invariavelmente os mesmos. Crimes passionais por ciúme, por vingança e por ganância.

O livro “As Mil e Uma Noites”, revela mais do que qualquer outro, o modelo universal mais adotado. Uma história começa a ser contada e se desdobra em mil e uma, que significa infinitas histórias.

Jorge Luiz Borges, escritor argentino, para mim uma das maiores autoridades nestes assuntos literários, afirmou e, para mim cada vez mais faz sentido:

“Só existe um livro. Um grande livro.”

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Venenos X Vacinas

A semana passada assisti como o Brasil inteiro  (quem viu os jornais, da manhã, da tarde, da noite na TV), a fala de um senador que estava depondo na CPI da Covid que ao ser atacado por uma tropa de choque ali postada para defender os interesses daqueles que poderão vir a ser investigados, todos eméritos colegas de trabalho, se defendeu recomendando que precisavam urgentemente tomar vacina antirrábica.

Fiquei pensando que estas vacinas pontuais, que você só toma quando é mordido, por cachorro, cobra ou outros bichos peçonhentos, deveriam ser obrigatórias para todos, assim como a vacina antitetânica, que só tomamos quando enfiamos o pé em um prego enferrujado.

Isto porque existem pessoas tóxicas,  físicas e jurídicas, como associações, movimentos, alguns mesmo, braços armados, sustentados por impostos sindicais e no caso de torcidas organizadas subsidiadas pelos próprios clubes.

Para combater estas pragas que disseminam o ódio, a violência homofóbica contra grupos minoritários, por conta de uma profissão de fé, diferença de cor, o melhor remédio, o antídoto ideal será sempre a educação em massa baseada nos 3 pilares: liberdade, igualdade e fraternidade.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Diálogos Internos

Quando escrevo, tento capturar, gravar uma cena, uma paisagem que tenha em si alguma beleza que possa ser levada como um quadro para ser admirada por outros que não tiveram a oportunidade de estar presente ao mesmo tempo ou até mesmo estavam mas com o olhar voltado para outros cantos.

Aqui entra em cena a tal da subjetividade, que garante a todos a possibilidade de olhar o mundo, cada um com seus próprios olhos e adotamos este princípio ao ver um quadro, um filme, ao ler um livro, assistir a uma peça de teatro,  como uma que mostra didaticamente como se dá esse processo.  O nome é:
“Assim é ( se lhe parece) “, de Pirandello.

O mundo é o mundo, desde que o mundo é mundo. O relevante aqui é que está sempre em transformação. Inclusive o  comportamento humano, as suas regras sociais, seus códigos civis, e morais, que servem de base para o bom convívio em sociedade.

O que não muda e nunca mudará é a verdade. Ela é imutável, apesar de a mentira campear por aí usando as suas roupas, conforme a fábula, que conta que a verdade entrou no banho., a mentira roubou suas roupas e deixou a verdade nua.

Antigamente se falava. Separar o joio do trigo. Hoje falamos: separar o trigo do joio. Com certeza é uma tarefa que dá muito mais trabalho, exige mais foco e perseverança, mas ao fim e ao cabo a verdade se revelará, e a verdade nos libertará,  de toda ignorância e medo.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Teste Vocacional

Não sei se estes testes vocacionais modernos  conseguiriam prever com maior ou menor precisão, a jornada de um paisano até o seu destino final, se fossem aplicados mais cedo, quando os guris ainda usam calças curtas, e alguns, tudo o que sonham é crescer, passar a usar calças compridas, passar de fase, sem a menor noção do que os espera na vida adulta.

Ainda bem que a escola da vida se encarrega de nos conduzir e vamos descobrindo durante o caminho, o que gostamos de fazer, o que queremos ser e aonde pretendemos chegar
, e tudo bem se a coisa fugir do roteiro

Na última pesquisa de opinião que eu ouvi e na qual não fui consultado, 90 por cento da população mundial, não trabalha com o que gosta e até mesmo foi treinado, alguns desenvolvem hobbies para compensarem a frustração, outros recorrem a outras válvulas de escape, para que o equilíbrio emocional se mantenha em seu nível desejável, e não afete as linhas de  produção, afinal, o espetáculo não pode parar.

Prometi a mim mesmo conversando com o meu amigo oculto, a criança interior, que não vou escrever sobre política, futebol, pandemias, tragédias cotidianas, violência em todas as suas formas, e sobretudo, a regra de ouro, não falar de mim, dos meus sentimentos mais caros, apenas expressar o meu inalienável direito de pensar.

Por: adolfo.wyse@gmail.com


Gente como a Gente

Sempre que alguém ganha destaque, ou seja, se torna matéria de capa de revista e de primeira página de jornal , acontece muito de serem revelados fatos de natureza íntima, que já foram dissecados a seu tempo, mas que tem sempre um público ávido por encontrar um ou alguns daqueles pecados capitais que assediam qualquer paisano, seja celebridade ou não.

Claro que os famosos estão sempre nas paradas de sucesso ou desfilando no tapete vermelho, como foi o caso do Ator Anthony Hopkins, ganhador do Oscar de melhor ator no filme “Meu Pai”.

A maldade desta gente é uma arte,  já cantava Ataulfo Alves, e anexo a sua foto veio a informação, não sei se extraída de sua biografia,  de que ele foi alcoólatra por 40 anos e rejeitou uma filha.

Tudo isso circulou pelas redes sociais, e no mesmo dia também, que a Atriz Elisabeth Taylor, famosa por seus  casamentos em série, era alcoólatra também e casou com um pedreiro que conheceu na clínica de recuperação, e que tinha a seus olhos, a maior virtude de nunca ter vendido para os tabloides de fofoca, qualquer imagem da intimidade do casal. Ganhou por isso e por mais alguma qualidade, uma herança de 800 mil Dólares.

O povão, neste momento, se sente totalmente identificado com o drama de seus ídolos e exclama: -Tão vendo só? É gente como a gente!

Por: adolfo.wyse@gmail.com