Arquivo da Categoria: Literatura

Passeios Noturnos

Caminhava na direção da feirinha de artesanato instalada ali no largo entre a rua São José e aquela outra que tinha o prédio alto da sede do Banerj. Quando chegou perto da primeira barraca consultou o relógio no pulso esquerdo que marcava 8h20 . Se deu conta então que estava vestindo uma calça jeans com uma camisa polo listrada e que precisava se apressar para ir em casa trocar de roupa, colocar o terno que já era como um uniforme onde apenas a camisa e a gravata variavam de cor. Atravessou então o Largo da Carioca em direção a Cinelândia para pegar o metrô e se perguntou se o seu passe ainda estava valendo uma vez que não andava de metrô a mais de um ano por conta da Pandemia. Começou a ficar ansioso e angustiado ao calcular o tempo e sentir que não teria como chegar no trabalho às 9h em ponto. Quando começou a Imaginar desculpas para o atraso, acordou aliviado por estar aposentado.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

A Jornada dos Heróis

A esta altura do campeonato, que quer dizer a mesma coisa que depois de tanto tempo passado, as pessoas continuarem curiosas e se perguntando se Capitu traiu ou não Bentinho, não vai afetar ou ter o menor efeito moral sobre os relacionamentos modernos, onde os triângulos e quadrados amorosos são mais comuns do que podemos imaginar.

O relevante aqui é a maestria com que Machado de Assis, carinhosamente conhecido como o Bruxo do Cosme Velho, conseguiu insinuar a dúvida e não revelar nem no final do livro Dom Casmurro, a verdade.

Na aula de escrita literária desta semana ( Se falar Master Class  fica mais chique), o professor disse que toda literatura nada mais é do que a repetição de histórias antigas, comédias e tragédias que os gregos cantaram em prosa e verso, vide.  A Odisseia e a Ilíada, de Homero.

Aquilo que Chacrinha, o velho guerreiro já sabia e buzinava aos quatro cantos: –  No mundo nada se cria tudo se copia.

Nos livros policiais onde sempre tem um crime como o centro de ação da narrativa, podemos sempre observar que os motivos são invariavelmente os mesmos. Crimes passionais por ciúme, por vingança e por ganância.

O livro “As Mil e Uma Noites”, revela mais do que qualquer outro, o modelo universal mais adotado. Uma história começa a ser contada e se desdobra em mil e uma, que significa infinitas histórias.

Jorge Luiz Borges, escritor argentino, para mim uma das maiores autoridades nestes assuntos literários, afirmou e, para mim cada vez mais faz sentido:

“Só existe um livro. Um grande livro.”

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Venenos X Vacinas

A semana passada assisti como o Brasil inteiro  (quem viu os jornais, da manhã, da tarde, da noite na TV), a fala de um senador que estava depondo na CPI da Covid que ao ser atacado por uma tropa de choque ali postada para defender os interesses daqueles que poderão vir a ser investigados, todos eméritos colegas de trabalho, se defendeu recomendando que precisavam urgentemente tomar vacina antirrábica.

Fiquei pensando que estas vacinas pontuais, que você só toma quando é mordido, por cachorro, cobra ou outros bichos peçonhentos, deveriam ser obrigatórias para todos, assim como a vacina antitetânica, que só tomamos quando enfiamos o pé em um prego enferrujado.

Isto porque existem pessoas tóxicas,  físicas e jurídicas, como associações, movimentos, alguns mesmo, braços armados, sustentados por impostos sindicais e no caso de torcidas organizadas subsidiadas pelos próprios clubes.

Para combater estas pragas que disseminam o ódio, a violência homofóbica contra grupos minoritários, por conta de uma profissão de fé, diferença de cor, o melhor remédio, o antídoto ideal será sempre a educação em massa baseada nos 3 pilares: liberdade, igualdade e fraternidade.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Diálogos Internos

Quando escrevo, tento capturar, gravar uma cena, uma paisagem que tenha em si alguma beleza que possa ser levada como um quadro para ser admirada por outros que não tiveram a oportunidade de estar presente ao mesmo tempo ou até mesmo estavam mas com o olhar voltado para outros cantos.

Aqui entra em cena a tal da subjetividade, que garante a todos a possibilidade de olhar o mundo, cada um com seus próprios olhos e adotamos este princípio ao ver um quadro, um filme, ao ler um livro, assistir a uma peça de teatro,  como uma que mostra didaticamente como se dá esse processo.  O nome é:
“Assim é ( se lhe parece) “, de Pirandello.

O mundo é o mundo, desde que o mundo é mundo. O relevante aqui é que está sempre em transformação. Inclusive o  comportamento humano, as suas regras sociais, seus códigos civis, e morais, que servem de base para o bom convívio em sociedade.

O que não muda e nunca mudará é a verdade. Ela é imutável, apesar de a mentira campear por aí usando as suas roupas, conforme a fábula, que conta que a verdade entrou no banho., a mentira roubou suas roupas e deixou a verdade nua.

Antigamente se falava. Separar o joio do trigo. Hoje falamos: separar o trigo do joio. Com certeza é uma tarefa que dá muito mais trabalho, exige mais foco e perseverança, mas ao fim e ao cabo a verdade se revelará, e a verdade nos libertará,  de toda ignorância e medo.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Teste Vocacional

Não sei se estes testes vocacionais modernos  conseguiriam prever com maior ou menor precisão, a jornada de um paisano até o seu destino final, se fossem aplicados mais cedo, quando os guris ainda usam calças curtas, e alguns, tudo o que sonham é crescer, passar a usar calças compridas, passar de fase, sem a menor noção do que os espera na vida adulta.

Ainda bem que a escola da vida se encarrega de nos conduzir e vamos descobrindo durante o caminho, o que gostamos de fazer, o que queremos ser e aonde pretendemos chegar
, e tudo bem se a coisa fugir do roteiro

Na última pesquisa de opinião que eu ouvi e na qual não fui consultado, 90 por cento da população mundial, não trabalha com o que gosta e até mesmo foi treinado, alguns desenvolvem hobbies para compensarem a frustração, outros recorrem a outras válvulas de escape, para que o equilíbrio emocional se mantenha em seu nível desejável, e não afete as linhas de  produção, afinal, o espetáculo não pode parar.

Prometi a mim mesmo conversando com o meu amigo oculto, a criança interior, que não vou escrever sobre política, futebol, pandemias, tragédias cotidianas, violência em todas as suas formas, e sobretudo, a regra de ouro, não falar de mim, dos meus sentimentos mais caros, apenas expressar o meu inalienável direito de pensar.

Por: adolfo.wyse@gmail.com


Gente como a Gente

Sempre que alguém ganha destaque, ou seja, se torna matéria de capa de revista e de primeira página de jornal , acontece muito de serem revelados fatos de natureza íntima, que já foram dissecados a seu tempo, mas que tem sempre um público ávido por encontrar um ou alguns daqueles pecados capitais que assediam qualquer paisano, seja celebridade ou não.

Claro que os famosos estão sempre nas paradas de sucesso ou desfilando no tapete vermelho, como foi o caso do Ator Anthony Hopkins, ganhador do Oscar de melhor ator no filme “Meu Pai”.

A maldade desta gente é uma arte,  já cantava Ataulfo Alves, e anexo a sua foto veio a informação, não sei se extraída de sua biografia,  de que ele foi alcoólatra por 40 anos e rejeitou uma filha.

Tudo isso circulou pelas redes sociais, e no mesmo dia também, que a Atriz Elisabeth Taylor, famosa por seus  casamentos em série, era alcoólatra também e casou com um pedreiro que conheceu na clínica de recuperação, e que tinha a seus olhos, a maior virtude de nunca ter vendido para os tabloides de fofoca, qualquer imagem da intimidade do casal. Ganhou por isso e por mais alguma qualidade, uma herança de 800 mil Dólares.

O povão, neste momento, se sente totalmente identificado com o drama de seus ídolos e exclama: -Tão vendo só? É gente como a gente!

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O Reino de ID

No reino de Id, como em qualquer reino de fantasia ou não, todos os personagens são importantes e cumprem seus papéis e funções dentro da estrutura social normalmente apresentada em um organograma com a forma de uma pirâmide.

Como em todo reinado a monarquia é o regime vigente desde mil novecentos e antigamente,  e o rei é eleito por ordem de sucessão,  o filho mais velho primeiro e ou a filha,  no caso da Rainha Elizabeth que está firme e forte sustentando a coroa.

No caso de Id, este reino imaginário, foi construído aos poucos, com a criação dos personagens por ordem de entrada em cena.

O rei foi o primeiro. Um cara baixinho e por isso com um complexo de inferioridade muito grande, que ele compensa sentado em um trono alto, e com tirania e violência contra o povo.

O segundo foi o mago,  Wiz , que na verdade é o mais poderoso do reino, que tem no seu laboratório no porão de casa, um caldeirão onde vive um Espírito, que torna realidade todos os seus feitiços, e  que vez por outra falha, e emite notificações: – Conexão em progresso, atualização do sistema em andamento.

O terceiro é Bung,  o bobo da corte, que é alcoólatra por conta da convivência diária com o tirano.

O quarto é Sir Rodney, um cavaleiro sem coragem nenhuma.

O quinto é Spook, o prisioneiro que vive na masmorra desde os primeiros dias do reino com seu fiel carcereiro,  porque chamou o rei de tirano. Sua rotina diária é cavar tuneis para escapar.

Tem um advogado sem princípios morais chamado Larson E., e um conselheiro que vive cortejando a Gwen, que só tem olhos para Sir Rodney, que nunca se decide.

Tem e não poderia faltar,  o povão da cidade e dos campos.

E o reino vive sempre com os Hunos cercando e tentando invadir o castelo.

Branch e Gwen são as personagens femininas. Branch é a mulher do Wiz. Gwen é a princesa apaixonada por Sir Rodnei.

PS: o rei não tem uma rainha e mandou a rainha mãe para O exílio.

Wiz tem um pet que é um dragão chamado de Henry.

Os criadores são: Johnny Hart e Brant Parker e as tiras apareceram pela primeira vez em novembro de 1964.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O X do Problema

Na matemática o A representa o primeiro dado, informação que vai,  quando somada, multiplicada ou dividida por B , formar a equação, que sob qualquer operação, vai apresentar como resultado, solução da incógnita, depois do sinal de igual, o X.

O X da questão vai representar melhor o assunto que vai ser tratado aqui, que é sobre Educação. O que envolve muito mais matérias do que simplesmente, Matemática.

Vamos ter que recorrer a Economia,  Política, Sociologia, Filosofia, Direito,  sem desprezar as velhas e boas normas da ética moral, bússola e farol que nos orientam em nossa estrada em busca da terra prometida, que no fundo, no fundo,  todo mundo sonha. Um mundo de Paz, Justiça e de prosperidade.

A frase de Darci Ribeiro vai caber aqui como uma luva:
“A crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto.”

Esta afirmação ficou clara para mim, quando introduziram no vestibular unificado,  a múltipla escolha, marque com um x a resposta certa. Ficar teorizando sobre conspirações das Elites, que se defendem, acusando os ambientes estudantis, os campus universitários,  de reduto de formação de agitadores políticos não nos leva a lugar nenhum, e o homem é um animal político por natureza, e mesmo sem ele ter consciência disso, diariamente ele tem que negociar em casa, com a mulher e os filhos, o orçamento doméstico, as mesadas, no condomínio, a vaga de garagem, e no trabalho, com os colegas, os chefes, a distribuição das tarefas, e as   recompensas, normalmente convertidas em moeda corrente.

O verbo negociar aqui não tem aquele sentido pejorativo que estamos acostumados a ouvir nas casas do povo, Congresso e Senado, o velho e nocivo hábito do toma lá da cá.

Está semana mesmo assisti uma cena que nunca tinha assistido. Uma cuidadora ou acompanhante de idoso, (e existe uma grande diferença entre estas funções),  quando da assinatura do contrato e da carteira de trabalho, exigiu: – Não classifiquem como empregada doméstica. E na hora de preencher a folha de Ponto, horários de entrada e saída completou: Já trabalhei com recursos humanos (RH),  sei como é.

Chegou a hora não só desta gente bronzeada, rebeldes sem causa, mostrar seu valor. Vamos  Juntos,  jovens e velhos colocar a mão na massa e não nas armas e transformar para sempre nosso país na terra prometida.

Por:adolfo.wyse@gmail.com









Dalí e a Rede Social

Ninguém precisa tomar chá de cogumelo, LCD ou estas outras drogas que alteram a consciência para expandir a mente em universos paralelos. Basta abrir  uma conta no Facebook. Abri a minha em 2000 e desde então, confesso, sou dependente de carteirinha, e não fico um dia sem dar uma olhada, uma curtida aqui, um comentário acolá, uma postagem  de vez em quando.

É a genuína entrega a domicílio de imagens, obras de artes, antigas e atuais, espalhadas pelos museus do mundo. Uma dessas obras que chegou hoje na minha timeline disparou o gatilho para começar este texto. Um quadro de Salvador Dalí, que virá em anexo como ilustração, não sei ainda se no cabeçalho ou no rodapé.

A pergunta que eu me fiz, foi, como é possível um artista produzir tanto e com tanta qualidade. Genialidade e loucuras, à parte.

Que um músico crie 300 músicas, um escritor escreva 10 romances em uma só temporada, vá lá, mas 1500 quadros?
E nós pobres mortais, como se não bastasse a pobreza, ainda por cima do terceiro mundo, quando teríamos a oportunidade de saber da existência destas obras,  universais, de todas as artes?

E tem gente que ainda reclama do acesso gratuíto à plataforma por causa dos anúncios. Mas pagam uma fortuna para um canal aberto, recheado de comerciais, nos intervalos.

Claro que, como em todos os bônus tem um ônus   embutido, O primeiro conselho que a gente recebe dos mais experientes, aqueles que já frequentam a rede   social a mais tempo, é não sair aceitando convite de amizade de qualquer um, que a plataforma imagina que você conhece porque aquela pessoa é conhecida do amigo em comum. Além das mensagens iniciais de boas vindas, se  prepare para uma avalanche de mensagens de bom dia, boa tarde,  boa noite, quando o bom dia já seria  suficiente,  não é?

O segundo conselho vai mais longe e adverte para que selecione muito bem o grupo ou grupos de interesse. A depender do número de membros, você vai receber todo dia um tsunami de mensagens que não só vai entupir como, diria mesmo, transbordar sua caixa de entrada.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Escrita Narrativa

As vezes eu me enredo nos meus próprios pensamentos e o único jeito de me desenredar, é escrevendo, fazendo o caminho de volta para descobrir a ponta do fio da meada.
Este método tem funcionado quando eu estou na cozinha e saio para fazer alguma coisa na sala e lá chegando me pergunto o que vim fazer aqui mesmo? Então volto pra cozinha e refaço meu trajeto e no meio do caminho eu lembro e fico duplamente feliz em saber que a minha memória RAM, aquela de curto prazo, está rateando, mas nada que venha a comprometer o
painel de controle.

Nestes momentos o que me incomoda mesmo é ouvir aquela vozinha sabotadora dizer: – Tá vendo só? É isso que dá achar que já pode sair por aí, nadando em águas desconhecidas se achando o Sr. dos sete mares.

Quando isto acontece, este samba desenredado que um dia, quando eu aprender a tocar violão vou compor ou decompor, eu sempre passo pelo site “A casa do Sol Nascente”, onde o cabeçalho já mostra uma frase do Fernando Pessoa, também conhecido como Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro que diz: Navegar é preciso. Viver não é preciso.

Depois desta visita cultural eu saio sempre mais reconfortado, revigorado, ao ver o quanto eu consegui superar, realizar,  quando parei de buscar o aplauso e compreendi a famosa frase do Andy Warhol:  – “Um dia todos terão direito a 15 minutos de fama”

Com as sandálias do pescador calçadas, por favor, não confundir com estas havaianas da moda, comecei esta semana um curso de Escrita Narrativa. Bastou eu me inscrever e os algoritmos das redes começaram a me seguir, igual formigas seguindo o rastro até chegar ao lugar do piquenique,  me assediando com anúncios de cursos de Escrita.

Por: adolfo.wyse@gmail.com