Conhece a ti mesmo…

Quando alguém disse que existe mais coisas entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia, quis dizer que não sabemos, seja por alienação ou ignorância mesmo, o que se passa entre o caminho para a Missa e os Estádios, (Arenas), e acabando o percurso nas famigeradas casas de prostituição, em bom português, os puteiros, onde habitam com relativa rotatividade, mulheres de vida fácil.

A carne é fraca e o espírito é por demais malicioso. Assim, tentar conciliar a fome com a vontade de comer, resulta em 99% do esforço humano, que precisa ser dissecado individual e sobre as mesmas condições de temperatura e pressão, para se chegar a uma análise científica, mais perto da verdadeira natureza dos fatos, do que estas amostras grátis de estatísticas, que não refletem nunca a realidade, pelo simples motivo de as Estrelas não poderem ser contadas. 

Quais são as nossas necessidades primárias? O que nos causa carência? Como satisfazer nossos desejos? Como lidar com as frustrações cotidianas sem invejar a grama do vizinho?Apesar de existirem hoje pilhas de livros prometendo um atalho fácil para estas questões, a cada dia acredito mais no: ” Conhece a ti mesmo” do Sócrates, e o universo se revelará.

Sobre isso e aquilo…

Eu poderia encher 500 folhas com as minhas músicas, meus cantores/cantoras, nacionais/internacionais, favoritos. Com os filmes a mesma coisa. Meus diretores, atores/atrizes, mas qualquer um hoje em dia dá uma busca no Google: os 500 melhores filmes, as 500 melhores músicas e, como mágica, diante de nossos olhos, aparecem as listas na ordem em que você preferir, alfabética ou cronológica, com nome do compositor, do cantor, ficha técnica da banda e se bobear quantos discos vendidos. O mesmo para os filmes.

Ainda não atingi o estágio em que é possível separar o estado d’alma do estado de espírito.

Toda essa conversa fiada de terra prometida, vida após a morte, já sabemos que é conto do vigário, trapaça, artimanha, como queiram chamar, das grandes religiões para manter o homem prisioneiro de seus dogmas, cartilhas e catecismos.

Todo homem cai nessa armadilha, seja ignorante ou não. Um compra o “bilhete premiado” como se fosse gozar depois da travessia os seus prêmios. O outro acredita que encontrará, do outro lado, uma bilheteria aberta onde é possível garantir o bilhete de volta.

Esses homens tolos, que se entediam, com frequência semanal, em domingos regados à missa, tv, carteado, futebol, tv outra vez(embora atualmente os corações e mentes estejam voltados hipnoticamente para os smartphones, que hoje em dia só faltam falar, já que pra todo o resto existe um aplicativo especial); esses homens sonham com a eternidade ou imortalidade. Vão acabar de vez morrendo de tédio.

Quem nos escuta hoje em dia louvando em tom de adoração toda essa evolução cibernética da tecnologia, acaba sempre esquecendo que, não muito longe daqui, para ser mais exato, em um raio de 10 km para o norte e oeste, encontramos comunidades com esgotos a céu aberto, e estamos falando do centro da cidade do Rio de Janeiro, situada numa das regiões mais ricas do país, o Sudeste.

Da Alma e do The End

Da alma e do The End. (Livro Canção para Iara)

Esta é uma conversa fácil de levar; o tipo da conversa fiada, que a gente fia no botequim, no modo e no jeito, como Noel Rosa fez em “Conversa de Botequim”.

De todos os pontos que eu quero encontrar o ponto final é o último deles e, mesmo assim, vou tentar substituir pelo “continua no próximo capítulo”, “breve em um cinema perto de você” e, embora o meu fôlego tenha melhorado depois que parei de fumar, essa coisa de trilogia em letras soa como uma aberração.

Tive esse insight (o que é um estrangeirismo de marca maior, desde que a Light comprou a Fiat Lux) quando, na fila do banco, começou aquele zum-zum-zum, zumbido de abelhas rainhas e alguns zangões, que equivalem, na hierarquia, a família dos marimbondos.

Pra gente ver que esse sistema de castas já vem antes de Noé fazer a triagem. Todo mundo reclamando e nesse momento parece que todos têm um encontro marcado para xingar a mãe do Juiz, que só vai saber que foi ovacionada, mais de uma vez, no domingo, quando os times entrarem em campo.

Em seguida, um senhor, sem levantar a voz, com uma serenidade que faz pausar o tempo, diz: “para onde eu vou, não tenho a menor pressa”.

Sem corpo, a alma não vai a lugar nenhum, e vice-versa, disse o Saramago, como se confere abaixo:

“… O espírito não vai a lugar nenhum sem a perna do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltasse as asas do espírito.”

(Todos os Nomes–José Saramago)


Fiado só Amanhã

A gente começa falando de uma coisa e acaba falando de outra, exatamente porque as coisas tem vários ângulos, medidas, dimensões e estamos falando apenas de um universo, quando já se fala por ai, a boca solta, de mundos paralelos, sub-mundos…

Desconfio que as tabuletas colocadas já estrategicamente atrás das caixas registradoras com os dizeres: – Fiado só amanhã – não foram somente idéia de algum gaiato português mas também um sinal da crueldade do novo sistema capitalista mostrando as suas garras, que passariam a ser conhecidas como leis do mercado:


1 lei: Da oferta e da procura.

2 lei: Vale quanto pesa.

3 lei: Dinheiro na mão calcinha no chão.


O conceito de crédito veio a seguir.

E o cartão de crédito,mais uma vez, invenção de algum gaiato e não vamos aqui denegrir a imagem dos bravos comerciantes portugueses, deu o golpe fatal no consumidor final com a criação da ilusão de comprar sem dinheiro. Compre e pague depois, via fatura, boleto, carnês de crediário, cartão.

Finalizando, que o tempo é curto, diante da impaciência dos leitores, posso sustentar a teoria de que todos os complexos, não só os de inferioridade ou superioridade nasceram ou se desenvolveram após o culto de Natal, com a troca de presentes.

No dia seguinte o espírito de competição se instala quando você vê seu vizinho, amiguinho, exibindo a bola de couro nr 5 enquanto você segura constrangido a nr 1, quando não uma de plástico ou de meia.

Em busca de um Agente

Em 2016 publiquei o livro “Canção para Iara”.
É um livro leve de poesia e crônicas  que se lê de uma sentada. Ideal para as mentes preguiçosas de hoje em dia.

Como dito no prefácio de orelha, eu o escrevi, não posso elogiá_lo. Mas agora com o devido distanciamento critico é um livro bom e numa avaliação de 5 estrelas , marco 4.

Sabemos todos que mesmo as produções culturais estão sujeitas as leis do mercado S/A. E todo produto tem preço estipulado e o livro não foge a regra da oferta e da procura.

Como todo produto precisa estar exposto em vitrines, prateleiras, em livrarias, bancas de jornais, divulgado nos canais competentes, jornais, radios, tv e internet.

O que não é visto não é lembrado e chegamos então aos 3 pontos cardeais, que orientam todo o processo: Patrocínio, propaganda, e publicidade, que pra mim significam a mesma coisa: Marketing.
Ninguém chega a uma grande e respeitada editora sem um bom agente, assim como os  jogadores de futebol a um Grande clube, sem um bom empresário. É claro que você precisa ter um bom peixe pra vender.
E a menos que você  encontre um mecenas, ninguém vai investir um tostão no seu produto sem alguma garantia de lucro, a curto, médio ou longo prazo. Para isso são medidos custos de edição, distribuição, armazenamento, fretes e margem de lucros.

Tudo isso pra dizer que preciso de um agente, um patrocinador, para fazer a roda girar e quem sabe um dia ver o meu livro estampado em todas as boas livrarias do ramo.

O que é uma Catarse?

A primeira catarse coletiva que escutei com os meus ouvidos foi em 1954 quando o rádio que transmitia a noticia do suicídio de Getúlio Vargas despencou do suporte ou prateleira que o sustentava.

A segunda apesar de ser anterior na cronologia, ouvi falar pela primeira vez em 1958 quando a seleção brasileira foi campeã na Suécia , mas a catarse coletiva aconteceu em 1950, eu  tinha 6 meses de idade, e foi a derrota em pleno Maracanã para o Uruguai. 

A terceira mais uma vez gerada por uma copa do mundo, no México, conquistada pela melhor seleção  de todos os tempos! Consultem o oráculo para ver o timaço.

A catarse se deu no Brasil  inteiro,  mas eu vi com meus olhos o maior carnaval do mundo, quando uma multidão cantando e sambando desfilou pelas ruas do Rio de Janeiro.

Não existe almoço grátis

Diz, um ditado, que macaco velho, não mete a mão em cumbuca. Outro diz, que: Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada, ZÉ, ou tem maribondo no pé.

Mesmo sabendo disso, este que vos fala, humano, alfabetizado, contrariando aquele ditado, de que gato escaldado tem medo de água fria; voltei a enfiar a mão   onde não devia, conforme relato abaixo.

Pirataria é crime! Contravenção é crime! E no entanto, sites piratas prosperam a luz do dia, na terra de ninguém, que é a Internet; oferecendo desde músicas em mp3, filmes, series, sem falar no cardápio erótico-pornográfico, onde crimes mais sérios são cometidos.

Resumo da Ópera: Buscando encontrar algumas músicas de mp3 de um grupo nacional para alimentar a rádio  de meu Blog, cliquei em um destes sites e na hora que você digita no campo de busca; te abre  instantãneamente  uma guia de um site de apostas, já te oferecendo alguns bônus para brincar um pouquinho ou uma guia de um site de aplicação em Bitcoin ; e se você, fechar estas guias e clicar em alguma coisa para baixar, reze para que seu antivírus esteja atualizado.

Passado o susto, rogo aos meus 94 amigos  e amigas do face, que tenham músicas do Legião Urbana no formato mp3 nos seus computadores, me enviem via e-mail (arquivos comprimidos em zip). Se tiverem os cds usados eu compro e pago o frete, mas vamos nos poupar de ter que ir aos correios, nestes tempos sombrios. Arquivos digitais são mais rápidos e não extraviam.

O Clube

O clube

Dizem que existe um clube seletíssimo onde os destinos das nações são traçados. Onde se reúnem, uma vez por ano, em local e data nunca fixos, lideranças políticas eleitas ou destituídas conforme ordens expressas emanadas de lá.

Considerando o poder que cada sócio carrega ou representa, fica difícil imaginar uma mesa de reunião à “La Távola Redonda”; o mais razoável é uma mesa retangular onde, à cabeceira, apenas um coordenador de reunião com um estatuto e um código de conduta à mão secretaria e leva a reunião em boa ordem. Um computador de última geração, patrocinado em conjunto pela Microsoft e Apple e com o Google Maps atualisadíssimo para dar aos sócios toda a movimentação geopolítica e um banco de dados completo, auxilia na tomada de decisões.

Se vocês pensaram, como eu, que os personagens que aparecem com frequência em fotos de reunião do G7, G20 são membros desse clube, com certeza tem uma cadeira onde alguém os representa. E ficamos a nos perguntar: o que é o Poder? Qualquer um pode representá-lo?

Tentando responder a essas questões alguns homens queimaram mais do que as pestanas; Giordano Bruno foi um deles e era muitíssimo respeitado, ao ser levado para a fogueira, entendeu: “Que ingenuidade a minha! Pedir, a quem detém o Poder, para reformá-lo!”.

Voltando ao clube, existem sócios pessoas físicas (bilionários em geral), pessoas jurídicas, empresas que detêm o PIB de algumas nações, lideres religiosos, cada um representando o seu nicho, e não vamos esquecer da mídia, cujo representante pode vir a ocupar duas cadeiras, não porque seja gordo ou mais poderoso, mas por ter o nome na lista dos bilionários também.

A razão de ser desse clube está definida e expressa em um banner móvel, exposto na parede da sala de reunião, a exemplo do que vemos em qualquer empresa moderna:

– Nossa Missão –

Manter o capitalismo como sistema único e absoluto. Haja o que houver. Custe o que custar. E em letras miúdas: “distribuir riquezas quando sobras houver”.

A crise de 2008 serviu para demonstrar, sem nenhuma sombra de dúvida, que os problemas do mundo não são decorrentes de falta de lastro. Tanto é assim que a grana veio em sua maior parte da China, país que há pouco passou a ocupar uma cadeira no clube, que naquele ano reuniu-se em dia e local desconhecido.

Falam as más línguas, a minha incluída, que após a reunião os sócios fizeram uma festinha fechada, coisa íntima (em ambiente totalmente blindado) para descarregar as tensões e aliviar as pulsões, afinal são seres humanos e é uma prática comum hoje, após seminários ou conferências, patrocinados ora aqui ora ali, por alguma indústria farmacêutica ou cia. de seguros.

Pitágoras

Pitágoras

Até hoje não sei se o “Pitágoras” compunha seu nome verdadeiro. Tudo o que sei e pretendo aqui narrar é que ele era professor de matemática, o que já deixa uma pista de, no mínimo, uma associação imediata com àquele, O filósofo e matemático grego autor do famoso teorema que leva seu nome. Acredito que qualquer possibilidade de filiação esteja descartada, já a questão da reencarnação, ainda não estou pronto para discutir sobre o assunto.

O fato concreto, embora ainda um pouco confuso em relação ao ano, vamos nos situar aqui entre 1965/1966, na cidade de Rio Grande, úmida e cinza como a minha depressão, que só mais tarde eu iria poder identificar, reconhecer e rotular.

Esse mesmo distanciamento crítico me permite afirmar que a mudança de volta a Rio Grande, depois de ter estabelecido laços afetivos com gente e com a cidade de Porto Alegre, não foi o detonador das minhas infelicidades. Eu já estava ruim da cabeça a ponto de abandonar o 4º ano do ginásio, que fui repetir no curso noturno na Escola Lemos Junior onde a maioria dos alunos eram filhos dos estivadores, jovens pré-adultos que não estavam “nem aí para a hora do Brasil”.

Conheci então o professor Pitágoras. Um homem magro, estatura média. Chamou-me para fazer um teste de avaliação e eu, que me gabava de ser bom em raiz quadrada e regra de três, travei completamente quando me apresentou às equações. Naquele ano a média 7 era a exigida para passar de ano.

Tinha noites em que ele entrava na sala e falava: quem quiser discutir futebol vem aqui pra frente, quem quiser dormir, pode dormir ou até mesmo ir embora. Em outras, ele dava a sua aula sem que se ouvisse uma mosca voando, tal a atenção que despertava.

Segurou a minha caderneta até o fim do ano, sem que eu soubesse a quantas andava a minha média. Na verdade eu sabia que estava abaixo de 5, de modo que fiquei para uma prova final, a qual fiz ao lado de meu irmão Zeca, que era de outra turma. Comecei a fazer a prova e, antes mesmo que eu acabasse, aproximou-se, recolheu minha prova e me entregou a caderneta com a média 7 averbada. Fez o mesmo com o meu irmão.

Boa Noite Dr. Freud…

Boa noite dr. Freud

Estava passando, vi a porta aberta… Posso sentar?

Sonhei que escrevi um livro. Nesse livro, cada página tinha um rosto familiar e amigo. Não é um livro grande, quero dizer, com muitas páginas, tipo romance ou dicionário. É um livro curto. Tipo de bolso. Na verdade, o que importa é o seu conteúdo, ou seja, o que ele tem dentro de si, esse espelho que permite a identificação instantânea com a forma, que alguns chamam de Literatura e outros tratam como apenas, isso mesmo: literatura.

Mas o motivo principal, que me traz aqui essa noite, não é a literatura. Nem mesmo a psicologia, em si mesma. O que me traz aqui é uma necessidade de conversar, soltar o verbo, a voz, o corpo e a culpa, que têm empurrado tanta gente pelo despenhadeiro…

Não desprezo a forte importância que a sexualidade exerce sobre a personalidade e o caráter. O senhor mesmo desenvolveu uma teoria, respeitada até hoje, sobre o assunto. Confesso que não li e não gostei. A minha mulher diz que é resistência. Eu prefiro chamar de insistência em resistir.

No momento, o que me incomoda não é tanto a ejaculação precoce, mas sim, a incontinência urinária. Não tenho medo de morrer. Morrer não dói. Conheço a morte de vista.Só não queria que fosse agora. Imagine o senhor que eu descobri que existe culpa depois da morte.Por essas e outras razões, tenho procurado e encontrado quem exorcize esses medos. São os artistas e pessoas que tenho o privilégio de conviver no meu dia a dia.

Estou convencido de que a repressão gera o ladrão, a corrupção, a prostituição em todas as suas variadas formas de expressão.Uma pessoa nasce e cresce estimulada pelo ambiente que a cerca. Quando começa a tomar o gostinho da vida, as inevitáveis perguntas aparecem: “quem sou eu? O que estou fazendo aqui?”.

Não existe uma receita comum. O que serve para mim não necessariamente pode ser apropriado para o outro. As experiências de vida são únicas e subjetivas, o que não deixa de ser um toque mágico do dedo de Deus. É bem conveniente crer que esse processo é comum a todos. A roda da vida. Mais cedo ou mais tarde, cada um tem o seu próprio tempo para experimentar aquilo que o outro passou outro dia. Parece justo.

Existem algumas palavras que são tão subjetivas que merecem uma atenção especial. A alienação, por exemplo, o que significa? Para mim, significa estar ausente (de si?), ou estar presente em si mesmo e ausente do que o circunda? Outro exemplo: um homem lê uma revista em quadrinhos, outro lê o romance mais lido de todos os tempos. É difícil medir, não lhe parece?