O Sindicato

Regra de Ouro:

“O contador e o tesoureiro de qualquer empresa, jamais deve ser a mesma pessoa”.

No livro Canção para Iara, eu falo naquele ensaio livre, sobre o meu primeiro emprego de carteira assinada no Sindicato dos Estivadores de Rio Grande, que consegui graças a um bom curso de datilografia e ao fato de só haver duas vagas e dois candidatos. Nem precisei de usar o tão famigerado jeitinho do QI (Quem indica), uma vez que o meu pai era o secretário em exercício.

O salário era um salário mínimo que ajudou a minha auto estima ao poder contribuir para o orçamento doméstico, e eu não tinha então aquelas necessidades de consumo.
Foram 2 anos de uma boa experiência profissional e de observação do comportamento humano e uma amostra do que é um Sindicato. Normalmente aos sábados, ao fim de cada mês, formava uma fila na porta do Sindicato, dos Estivadores, homens brutos por conta do trabalho pesado, alguns vindos diretamente do porto com a roupa de trabalho, para receber o salário família, que obedecia o critério de que quem tinha mais filhos recebia mais. Acreditem se quiserem, o que tinha mais filhos era invejado pelos demais. O pagamento era feito em dinheiro pelo tesoureiro em um único guichê. Alguns deles já chegavam embriagados, e ficavam impacientes e agressivos, principalmente com o tesoureiro, e um deles arremessou um cinzeiro de vidro,  daqueles que ficavam no balcão e felizmente não acertou ninguém, nem o tesoureiro que era o alvo da agressão.

Mas o causo que teve mais sensação e que foi devidamente abafado pela imprensa local, quem sabe para não desabonar a imagem do Sindicato, e eu fui testemunha ocular, foi o descrito abaixo
:

Chegando para trabalhar encontramos o Presidente do Sindicato em exercício, enrolado na Bandeira do Brasil, aos prantos. Uma cena digna da novela “O Bem Amado” de Dias Gomes. Havia perdido ou gasto, – o que é a mesma coisa – , dinheiro do Sindicato, com jogo, mulheres e bebidas em Porto Alegre, em um congresso sindical.

Este é o post de número 160. Um divisor de águas. Mas não vou contar mais. Ainda não me atrevo a nadar depois da arrebentação.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

5 thoughts on “O Sindicato

  1. Pois é, eu fui dirigente sindical em Pernambuco e pude aprender que compromisso ideologico, dedicar-se à “luta ” , não afastava oportunistas ou corruptos desse mundo.
    Mais ainda: era preciso silenciar sobre esses “desvios ” para não fortalecer os “inimigos da classe”

  2. Fala Geraldo!
    Naquela época, para ser mais exato, 1966, existia apenas o MDB X ARENA.
    Enfim, sobrevivemos.
    Valeu pelo comentário!
    Abraços!
    Sida

  3. Causos
    Levam a outros causos.. ..

    Aos 14/15 anos trabalhava
    Por 0,5 salario minimo…

    Atividade continuo….na maior parte do tempo…entregar correspondencias…..um dia passando em frente a uma agencia dos Correios resolvi
    entrar e contabilizar comparar os custos de minhas correspondencias
    com aquelas dos Correios….!!!

    Surpresa…pelos portes cobrados
    Pelos correios…
    Deveria eu receber
    No minimo 3 salarios minimos..

    Fui ao Sindicato reclamar…

    me perguntaram o que
    Fazia no recinto pois nao tinha idade pra sindicalista..

    Expliquei que queria pleitear
    o justo…

    Me explicaram ser uma tarefa
    dificultosa alem de nao poder ser eu sindicalizado.. .

    MAS…PROPUSERAM…
    LER AS APOSTILAS…
    PRA NOVOS SINDICALISTAS…

    Lia…nada entendia…voltava..
    pegava outras publicacoes…
    ..o mesmo nada entendia…

    Reclando com o “”velho sindicalista”” nada entender
    me foi dada a resposta….

    “””CONTINUA LENDO…A CABECA ARRUMA”””

    PROFUNDA VERDADE…
    3/4 ANOS APOS…
    TUDO FOI ACLARADO
    COMO NUM “”FLASH””
    FOTOGRAFICO….

    OLHANDO HOJE…

    66 ANOS APOS

    NADA MUDOU…POUCO OU NADA MELHOROU…

    AOS 80 O MESMO OLHAR
    DO ADOLESCENTE
    AINDA ORIENTA O IDOSO…

    PARECE MENTIRA

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