Arquivo mensal: Setembro 2022

Da Política e de Políticos

Um debate político que começa às 10:30 e vara a madrugada, tá mais pra japonês ver do que pretender dar ao indeciso e polarizado eleitor brasileiro, uma última chance de avaliar as opções. Nestes momentos sempre me vem a mente a famosa frase do Sr. Edson Arantes do Nascimento, o nosso rei do futebol que disse:
– O brasileiro não sabe votar!

Sempre discordei dessa afirmação, mas poucas vezes expressei em público ou no privado o meu argumento, por envolver a palavra Espiritual, quando disse que o povo Brasileiro tem muita espiritualidade, e sabemos onde vamos parar quando uma conversa dessas se inicia. Em lugar nenhum.Para quem não entendeu, quero dizer que o povo, apesar de tudo, da baixa educação, está acima dessa miséria vocacional da política nacional. E ontem então me veio a resposta:

Não é que o povo não sabe votar. O Povo não tem em quem votar.
Qualquer um dos dois favoritos nas pesquisas, a vir a ser o Ali Babá vai cumprir o mandato fazendo o que todos eles fazem, usando e abusando do poder em benefício próprio, da família e da camarilha que habita os salões do Palácio.

Olhando ontem os dois primeiros blocos do patético espetáculo circense, apelidado com toda a pompa de debate político, fiquei pensando: – Se os candidatos a presidente estão neste nível, (e aqui salvo a pele apenas da Senadora Simone Tebet) imaginem o patamar que estão os outros, candidatos, a governador, senador e deputados estaduais e federais. Não! Não é preciso imaginar. Eles estão a cores e ao vivo em plena campanha eleitoral.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Cabeça feita

Diz se do indivíduo que atingiu um grau de sabedoria, que não tem nenhuma dúvida sobre quem é, de onde veio, para onde vai, que tem uma fé inabalável em sua crença religiosa, em sua convicção política, e nenhum movimento contrário,  ao redor,  pode vir a alterar seu eixo e direção.

Já os tolos, os cabeças ocas, passam os dias e a vida, pulando de guru em guru (agora tem os influencers, para embaralhar mais as pobres cabecinhas), em busca da iluminação, aquele estado descrito acima.

Claro que ninguém nasce feito. A não ser os bichos que já nascem sabendo a que cadeia alimentar pertencem, como educar os filhotes,  com um instinto de sobrevivência afiado.

Tem uma história sobre o psiquiatra José Angelo Gaiarsa,  que um dia atendeu uma adolescente, trazida pela mãe em busca de um tratamento para aquela rebeldia sem causa que todo  adolescente em algum momento teima em representar. Ao sair da consulta a paciente fala alguma coisa com a mãe, que corre para falar com o Dr. e inquire: – O que foi que você colocou na cabeça da minha filha? – Gaiarsa respondeu: – Se em 40 minutos coloquei alguma coisa na cabeça da sua filha, imagine o que a Sra. não colocou em 15 anos?

Gosto muito da parábola dos 3 leões que foram desafiados a subir uma grande montanha. Quem conseguisse, assumiria o reinado. Os dois primeiros fracassaram, cada um a seu modo e o terceiro na metade do caminho desistiu, mas falou assim: – Muito bem montanha, você venceu. Mas você já está formada e eu estou em crescimento.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Qualquer semelhança com pessoas …

Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas não será mera coincidência, e digo isso sem medo nenhum de vir a sofrer algum processo por uso indevido de imagem ou de sonegação de direitos autorais. Até mesmo porque alguns deles que poderiam se sentir ofendidos pela exposição pública, já estão em outra dimensão, cuidando, quem sabe de coisas mais importantes, que ficar policiando textos com pretensão literária, sem fim lucrativo, já que se alguém ganha dinheiro com isso, são os editores e donos de livraria, que depois da invenção dos livros digitais, os chamados e-books, começaram a ver minguar as margens de lucro e os leitores desaparecerem das livrarias como os cinéfilos dos  cinemas, todos recolhidos ao lar doce lar, comprando e assinando conteúdo por streaming.

Depois dessa pretensiosa introdução que não entregou ao leitor, nada que ele já não saiba, vamos ao que interessa, que é aquilo que o leitor quer saber, qual é a história, quem é o personagem principal, qual é a sua jornada, quem é o par, que vai dar o tom romântico ao roteiro, qual cidade serve de pano de fundo, já prevendo no futuro, quem sabe do livro virar filme, e o tapete vermelho da cerimônia do Oscar, é o limite da ambição de qualquer autor, não é mesmo?

As palavras são, como se sabe, o material essencial para a construção de um texto, e cada uma delas, assim como em um quebra cabeça, tem o seu lugar próprio para se encaixar, e compor o conjunto da obra. E elas podem descrever qualquer forma e cada uma das estações com suas distintas cores e temperaturas.

Quando a gente escuta alguém falar: é uma história universal, quer dizer que poderia ocorrer em qualquer lugar com qualquer pessoa, se for uma história de amor ou de superação de uma doença grave. E que qualquer um vai se identificar, porque somos todos constituídos do mesmo barro e sentimos as mesmas emoções.

Quanto mais filmes vejo e livros leio, mais me convenço que os personagens mudam, mas o enredo segue o mesmo curso.
Triângulos amorosos, traição, vingança, disputa de poder, tudo regado com muito sexo, drogas e rock and roll.

Em sua jornada o herói, apoiado sempre por uma musa, estabelece a justiça que a boa moral exige, o vilão vai pagar o preço por seus crimes, e voltamos para casa confiantes de que o bem sempre vence o mal.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Uma coisa é uma coisa, diferente de outra coisa.



A luz faltou, corre-se para desligar a geladeira, a televisão, artigos de primeira necessidade que não podemos nos dar o luxo de ver queimar com a volta brusca da energia.
Neste momento paramos para dar valor a estes serviços essenciais e rezamos para que a light não demore muito para consertar o transformador que estourou, e possamos voltar a usar o elevador, ligar o liquidificador, a máquina de lavar, e que não nos falte a água ao mesmo tempo.

Não sei se ainda existem aqueles aparelhos de música 3 em 1, toca disco, amplificador e receiver, que eram práticos na ocupação do espaço, mas quando escangalhava um, todos eram afetados.

Levando o assunto para o  social coletivo, quando acontecem as legítimas greves dos trabalhadores em transporte, por exemplo, motoristas de ônibus, funcionários do metrô e dos trens, é que sentimos na pele a falta desses serviços essenciais.
Quando eu era bancário ficava indignado toda vez que no mês de setembro, mês dos dissídios coletivos, o sindicato declarava greve para forçar uma negociação mais favorável e a justiça do trabalho sempre condenava invocando a cláusula de serviço essencial.

Quando os trabalhadores da limpeza pública resolvem paralisar os serviços é que sentimos literalmente o cheiro do lixo que produzimos, e da real valorização que devemos dar aos profissionais da saúde, educação, segurança e dos transportes.

Enquanto movimentos pacíficos,  todas as greves são legítimas. O que não pode acontecer é o direito de ir e vir ser interrompido por queima de pneus e quebra quebra de patrimônio público ou privado. O bem estar comum deve vir sempre em primeiro lugar, o primeiro princípio para se viver bem em sociedade, reunião de comunidades
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por: adolfo.wyse@gmail.com

Um dos quinhentos

“Estar vivo é uma coisa. Viver são outros quinhentos …contos!”

Pra começo de conversa, se a gente parar para pensar, não precisamos ir muito longe, para perceber que se estamos aqui , vivinhos da Silva, devemos agradecer papai e mamãe um dia brincando de cabaninha, repetiram um ato de amor acompanhado sempre de uma dança sexual, que vai gerar o fruto no ventre materno, e logo os rumores se é menino ou menina começam a prosperar.

Se a gente seguir o fio da história, a timeline como se diz agora, vamos chegar a Adão e Eva, os primeiros personagens originais segundo a narrativa oficial. Desconheço outra versão.

Alguns tiveram a sorte de conhecer ainda vivos e não através de fotos na sala, os bisavós e avós maternos e paternos.
Outros ouviram falar de seus feitos e histórias pessoais, criando  um arquivo de memória com todos os elementos emocionais envolvidos.

O verbo viver começa a entrar em ação quando ao chorar ganhamos o peito e ou a atenção da mãe, o nosso primeiro amor. Dai nascendo o primeiro mandamento de sobrevivência: – Quem não chora não mama. Se tiver irmãos para dividir, começamos a aprender aqueles sentimentos menos nobres, ciúmes, carência e que vão aos poucos formando o cadinho de nosso caráter.
A socialização propriamente dita começa conhecendo os vizinhos e criando amizades por afinidade com a turma da rua e a da escola que abriga um leque de diversidade social. Ricos, pobres, do centro , da periferia, da zona rural. Brancos, pretos e mestiços.

Mas já havia uma classe, não gosto da palavra elite nem da palavra casta, que não deixava os pequenos príncipes se misturarem. E elegiam um ou dois para irem brincar no castelo. Eu era um dos escolhidos, era educado, bom aluno, e não era brigão. Em Rio grande foi assim e em Porto Alegre, também. Na hora da passagem da chamada faixa etária, de querer participar das brincadeiras da turma mais velha, o processo pode ser doloroso e o verbo viver (lembra?) passa a ser conjugado no modo introvertido, e um caráter anti-social, por pura defesa emocional, vai se desenhando.

Ao fim e ao cabo, como diz o ditado gaúcho, o que não mata engorda, sobrevivemos as tempestades naturais, inclusive aos ciclones que começaram a desviar de rota e chegar por aqui. As tempestades políticas nos acostumamos, nos adaptando aos altos e baixos da inflação que vai afetar o pão nosso de cada dia.

por: adolfo.wyse@gmail.com