Primo Rico X Primo Pobre

Primo Rico x  Primo Pobre



Prometi a vocês um post sobre primo rico x primo pobre e vou contar uma história real onde eu fiz o papel do primo rico. Na época me afetou bastante, conforme vocês vão poder observar abaixo. Mas antes preciso esclarecer que este é mais um daqueles assuntos que expõem as nossas mazelas estruturais, essa palavra tão em voga e que não precisamos mais de ninguém botando fogo na fogueira das desigualdades sociais.

Tenho consciência suficiente hoje em dia para saber de onde vim, onde estou e para onde todos vamos quando chegar a hora final, e como disse João Bosco  na canção,  As Minas do Mar, …  Aprendi que safiras, cristais, cordas podres, pro mar são iguais.

Em 1979 aluguei o primeiro apartamento para morar sozinho em uma casa de  vila, na rua Manoel de Abreu na Tijuca. Apto térreo com uma garagem e uma área que me permitiu ter um cachorro. Um dálmata que tinha o nome de Charlie em homenagem ao Chaplin. Já estava namorando a Tânia e preparando o casamento.


Um dia bateu a minha porta um primo, um dos muitos filhos de um tio que morava em São José do Norte, uma barca de distância de Rio grande. Já havia batido na casa de uma irmã que o encaminhou, eu era solteiro e tinha mais espaço.


Chegou dizendo que tinha desembarcado de um navio vindo de Santos que estava com muita dor de cabeça . Esta criatura que eu acolhi, dei inclusive dinheiro para comprar droga e paguei a passagem de volta para o sul, roubou uma máquina de escrever portátil lettera italiana que eu havia ganho de uma amiga. E deve ter vendido por 5 reais na praça onde tinha aquela turma que fumava e etc..


Fiquei furioso e cheguei mesmo a desejar a morte dele. Mais tarde fiquei sabendo que tinha levado um tiro mas não morreu. Vamos combinar:  – Você morar no Rio à 10 anos e nunca ter sido assaltado e vir um cara com o teu sangue percorrer está distância toda, é ou não é demais.

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