Este ano, mais uma vez a Páscoa Cristã, sincronizou com a Judaica
É uma data muito sensível as duas comunidades, pelo peso que sustentam as duas narrativas, baseadas na vida e obra de seus dois personagens principais, pela ordem: Moisés, Moshe para os mais íntimos, e Jesus, nada mais, nada menos, que o filho de Deus.
Operei na quinta feira e tive alta na sexta-feira santa. Na cama pensei em escrever um post sobre a data. Sobre os significados diferentes para os católicos e judeus do mundo inteiro, com muita violência embutida por conta da Crucificação e a escravidão no Egito.
São duas histórias muito diferentes, com Moisés vivendo até os 120, e Jesus vivendo até os 33 anos. Em comum, o destino final, a terra prometida, Jerusalém, que Moisés por um destes caprichos divinos, não chegou a pisar.
Resolvi obedecer ao bom senso, e deixei em aberto a edição de domingo do O Correio da Tijuca, e acabou chegando as minhas mãos através da Tânia, um texto compartilhado em grupo de estudos de Psicologia e Psicanálise que segue abaixo:
O primeiro entendimento que tive foi saber que a palavra Pessah significa passagem e não Páscoa como sempre imaginei.
Tudo a ver com a eterna busca da terra prometida, o Paraíso?, Jerusalém? – Todos os caminhos levam a Roma. Ao amor. Ao, conhece-te a ti mesmo.
Espero que gostem, curtam e compartilhem sem moderações de cunho religioso.
“Sede passantes”
( O texto é de Jean-Yves Leloup que é doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia.)
Este tema da passagem é o tema da Páscoa.
Pessah em hebraico, quer dizer passagem.
A passagem, no rio, de uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência.
A passagem de um modo de vida a um outro modo de vida. Somos passageiros. A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói sua casa sobre uma ponte.
Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas diferentes partes, sabendo que estamos de passagem.
É importante lembrar-se do caráter passageiro de nossa existência, da impermanência de todas as coisas, pois o sofrimento geralmente é de querermos fazer durar o que não foi feito para durar.
A grande Páscoa é a passagem desta vida mortal para a vida eterna, é a abertura do coração humano ao coração divino.
É a passagem da escravidão para a liberdade, passagem que é simbolizada pela migração dos hebreus, do Egito para a terra Prometida. Mas, não é preciso temer o Mar Vermelho. O mar de nossas memórias, de nossos medos, de nossas reações.
Temos que atravessar todas estas ondas, todas estas tempestades, para tocar a terra da liberdade, o espaço da liberdade que existe dentro de nós.
Sede passantes.
Creio que esta palavra é verdadeiramente um convite para continuarmos nosso caminho a partir do lugar onde algumas vezes paramos.
Observemos o que pára a vida em nós, o que impede o amor e o perdão, onde se localiza o medo dentro de nós.
É por lá que é preciso passar, é lá o nosso Mar Vermelho.
Mas, ao mesmo tempo, não esqueçamos a luz, não esqueçamos a liberdade, a terra que nos foi prometida.”