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Gêmeos

Gêmeos

Reza a lenda,  e uma certidão de nascimento atesta com firma reconhecida em cartório, que no dia 22 de janeiro de 1950 às 11: 15 minutos, com uma margem de erro de uns 10 minutos pra mais ou pra menos, no Hospital da Beneficência Portuguesa de Rio Grande, nasceram os gêmeos Adolfo e José e digo apenas o primeiro nome porque eram os nomes dos avós paternos  e maternos respectivamente e depois ficaram conhecidos com os apelidos dados pela família. Zeca e   Sida.


Um nasceu com 1 kg e o outro com 900 Gramas. E não tem nenhuma relevância aqui saber quem pesava mais ou nasceu primeiro, não é mesmo?
Relevante mesmo foi a equipe médica chegar pra Dona Amália e o Velho Wilson e dizer:  – Precisamos batizar os meninos para o caso deles não vingarem
!


Assim ganhamos o primeiro padrinho de batismo: Dr. Brum.
Graças a  Deus,  todas as previsões não vingaram e estamos hoje aqui firmes e fortes celebrando nosso aniversário, que eu gosto de falar em espanhol Cumpleaños,  ao invés do inglês Birthday, o que é uma bobagem.

O fato de não sermos gêmeos idênticos nos poupou daqueles horríveis concursos de beleza., e de usarmos a roupa igual, quando no caso dos gêmeos idênticos deveria ser  o contrário, exatamente para se identificar quem é quem.


Feliz aniversário Zeca. Que o poder superior nos permita chegar ao 4 quarto com saúde , muita saúde, como se o tempo estivesse sendo contado como no Basquete, cada tempo aqui, medindo 25 anos.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Memórias Bancárias

Quando eu trabalhei em Porto Alegre por um ano, no Banco de Crédito Real de Minas Gerais, ouvi do Gerente Geral em uma daquelas reuniões administrativas: – Vocês estão vendo estas pilastras que sustentam o edifício? – Vocês vão passar,  mas elas estarão sempre aí.

As pilastras devem continuar lá,  mas a Instituição não existe mais;  a exemplo do Banco Mineiro do Oeste onde tive meu primeiro emprego  como bancário, já na área de câmbio, que foi engolido pelo Bradesco que já iniciava a sua expansão seguindo e aplicando os conceitos da cadeia alimentar.

Neste mesmo Banco ( de Crédito Real)  tive uma lição que muito me ajudou profissionalmente . Eu era responsável por arquivar os extratos dos bancos estrangeiros. Um dia eu estava arquivando,  isto é,  jogando todos os extratos dentro do arquivo de aço com várias pastas suspensas quando ele me disse: – Se você colocar agora cada extrato na sua pasta correspondente amanhã quando você precisar não vai ficar perdendo tempo procurando.

O nome dele era Lauro. Era um homem magro, elegante e sereno. Só muito mais tarde fui perceber a sua espiritualidade quando sacou que eu estava passando por maus momentos

Um dia ele me disse também que, quando as firmas exportadoras de calçados,  principalmente,  que tinham contratos com o banco, convidavam o Gerente de câmbio para os churrascos de fim de semana era um grande sinal de calote  à vista.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Literatura -José Saramago

Literatura

Vou partir do pressuposto de que os que vierem a ler este texto o fazem por gostar de literatura de maneira geral e de José Saramago, muito em particular.

Os que vieram acidentalmente ou automaticamente porque o amigo seguidor do fulano, compartilhou com o sicrano e nunca ouviram falar do autor apesar do Prêmio Nobel de literatura na bagagem; ou o que é pior, acreditam se tratar de um famoso jogador de futebol português, parece que do Benfica;  estes terão a oportunidade se tiverem um mínimo de curiosidade e mente aberta de elevar seus corações e mentes por mares nunca dantes navegados, que esta é uma das principais função da literatura.

O primeiro livro dele que eu li foi “Todos os Nomes” e já fiquei pegado pelo seu estilo,  de entre um parágrafo e outro ou mesmo dentro, depois de descrever uma ação das mais cotidianas soltar uma frase que você vai guardar para a sua vida.

Depois veio o : “Deste mundo e do outro” uma coleção de crônicas onde está uma que eu destaco como uma das mais lindas que eu já li, e que extraí e coloquei no meu site na página dedicada a ele e que se chama “A Cidade”.

Outro texto que sempre me emociona é “Carta a Josefa – minha vó.”

O livro Ensaio sobre a Cegueira passou a ser o mais conhecido e comentado graças ao grande sucesso do filme com consagrados atores internacionais e a direção do brasileiro Fernando Meirelles.

Gostei muito também do “O ano da morte de Ricardo Reis”, o “Memorial do Convento” e do “Ensaio sobre a Lucidez”.

Tem o livro “O Evangelho segundo Jesus Cristo” que é polêmico e perturbador exatamente porque trata do maior símbolo do Cristianismo e que só não foram queimados, livro e autor, porque a Inquisição acabou,  não é?

Os únicos livros que eu não li, foram “Os Cadernos de Lanzarote”.
Dia 22 faço aniversário . Se algum dos meus generosos amigos quiser me surpreender, o endereço é Amazon.com, o melhor, mais barato e mais rápido serviço de entrega.

O Advogado do Diabo

Todo mundo tem seus medos, adquiridos durante a infância e alguns permanecem intocados, apesar de termos passado de fase, como se diz nos vídeos games.

O medo do escuro ou terrores da noite, por exemplo, eu combati fechando os olhos e fingindo de morto. Depois vem os medos morais, a maioria frutos de uma rígida escola religiosa que desde cedo nos assombra com os cenários mais horríveis do que seria o inferno.

Estes me acompanharam por um bom tempo, exatamente na proporção inversa, afinal eu não era nenhum modelo que levava uma vida santificada, muito pelo contrário, levava uma vida desregrada. me refastelando no sexo, fumando, bebendo. e outras compulsões que não posso mencionar sob pena de arruinar a boa reputação que gozo como bom pai de família.


Me pelava de medo, como se diz lá no sul, para não usar outro verbo de um calão mais baixo, quando ouvia o nome: Diabo. E ele tem muitos apelidos. Capeta, Demônio, Coisa Ruim e etc…

Um dia, na cidade do Rio de Janeiro. para ser mais exato, no largo da Carioca, o Carlinhos ( RIP) um apontador de jogo do bicho, mixto de filósofo e drogado, me disse na Prataforma do Metrô: _ O Diabo não faz nada se Deus não quiser.

A partir daí todo o meu medo foi embora. Depois disto consegui assistir ao filme “O Advogado do Diabo” com Al Pacino e Keanu Reeves, um dos filmes mais perturbadores que já assisti.

É no andar da carroça que as abóboras se acomodam.

É no andar da carroça que as abóboras se acomodam.


Doravante, que significa de agora em diante, daqui pra frente; vou adotar aquela recomendação que acompanha qualquer exame de urina: despreze o primeiro jato e recolha o necessário para encher o potinho e descarregue o excedente no vaso.

Assim, a primeira idéia veio com certeza, por conta de no sábado assistirmos ao filme “Mãos Talentosas” um dos filmes mais motivacionais que eu vi nos últimos anos e que é baseado em uma história real.

É a história de um talentoso médico neurocirurgião que teve uma mãe,  negra, pobre e faxineira com 2 filhos e que os motivou a superarem todas as barreiras emocionais e sociais.

A Tânia durante o filme fez o comentário: –  Igual a Dona Amália,
minha mãe.

Desta vez não descartei a idéia por ser desinteressante, mas sim porque entendi, que ela, Dona Amália, Tia Maria e Tia Jacira, (Que ainda vive graças a Deus) merecem uma homenagem a altura ; uma vida digna de um filme.

Já tenho o título na cabeça há algum tempo. As Cinco Marias. Crônica que vai fazer parte do próximo livro.

Para justificar o título deste post, andei muito a pé, de bicicleta, de bonde, de trem, de barca, de ônibus local e interestadual, de carro, caminhão e de carroça mesmo até chegar aos aviões. Nacionais e internacionais. Não aprendi a andar de cavalo, o que não chegou a embaçar a minha origem gaúcha.

O Editor e seu labirinto

O bom de você ser o editor do seu blog, é que você não tem um chefe te cobrando prazos, nem patrocinadores exigindo resultados de audiência, afinal uma coisa leva a outra e quem não é visto não é lembrado, primeiro princípio de qualquer anúncio, estampa, propaganda, seja em que veículo for.

O ruim é que você tem que produzir seu próprio conteúdo e isto exige concentração, foco e disciplina, coisas difíceis de se conseguir sem esforço e com as distrações diárias pipocando nas redes, e estou falando apenas do Face e do Zap.

Claro que existem temas universais que sempre vão atrair atenção do seu público, e aqui começa o processo de diversificar para tentar acertar na comunicação.

As novelas e os folhetins são populares porque expõem o caráter humano no dia a dia com seus personagens, mocinhos e vilões tecendo na teia da vida suas conquistas, suas traições e despertando inveja e alimentando fantasias.

Uma vez, uma garçonete de um bar que eu frequentava no centro me disse:  – Esta história de o patrão rico casar com a empregada é coisa de novela. Casou com o colega de trabalho, que era um barman que não ficava nada a dever a aqueles dos filmes americanos. Sabia servir e principalmente ouvir as queixas e lamentações, tanto dos trabalhadores comuns, como de alguns gerentes e executivos.

O Correio do Povo

O jornal “O Correio do Povo” de Porto Alegre, era um jornal com um tamanho maior do que os jornais comuns. Era ideal para ser usado por detetives, investigadores, quiçá, agentes secretos porque cobria o corpo inteiro, naquelas missões de seguir os suspeitos conforme a gente via nos filmes, normalmente sentados em estações de trens e aeroportos, portões de saída para quem está fugindo.


A edição de domingo era um calhamaço que pesava uns 2 quilos. Graças ao caderno de classificados, dividido em categorias. Imóveis, compra e venda e aluguéis. Carros novos e usados. Móveis. Classificados de serviços profissionais, e o restante com os cadernos tradicionais: Noticiário policial, político, esportivo e Coluna social, onde os comentaristas tinham suas colunas personalizadas. Eu gostava mesmo era do caderno de variedades onde tinha palavras cruzadas, jogo dos 7 erros, jogo da velha, quadrinhos e sempre uma informação relevante no quadro você sabia?


Olhando hoje para a infinita variedade de apps para passatempo disponíveis, gratuitamente alguns
, outros pagos, nas lojas de aplicativos, fico impressionado.

Meu primeiro teste como editor foi em um jornalzinho no banco que tinha a pretensão de ser um elo de comunicação comunitária. Teve vida curta. Não chegou a 10 edições mensais.No cabeçalho vinha escrito embaixo do nome:  -Um jornal que não serve para embrulhar peixe.

Voltando ao Correio do Povo, nas Segundas-feiras, os peixeiros faziam a festa, tinham jornal pra semana inteira.

Mensagem em uma garrafa

Mais do que a mensagem encontrada na garrafa, a reflexão produzida a seguir merece uma atenção maior do que um rolar a tela sobre um texto que não carrega nenhuma imagem. Nenhuma imagem? E a sua imaginação a quantas anda,  em que bandas caminha?

A minha, que estava perdida também, tentando fugir da realidade da pandemia; como se fosse possível, com os telejornais jorrando um progressivo obituário coletivo, voltou ao seu ponto de origem, ao seu centro.

Se pessoas estão morrendo, pessoas estão confortando os familiares. E pessoas estão nascendo trazendo esperanças novas e restabelecendo o equilíbrio para um mundo melhor.

Neste exato momento pessoas estão trabalhando, criando, escritores, poetas, músicos, atores, para nos ajudar a atravessar estas ameaças com força, fé e esperança.

Quando puxei hoje a rede do Instagram.  lá estava ela,  a garrafa com várias mensagens: Crônicas Amarelas.

Agora vou publicar este post e jogar no mar da grande rede da internet. Enquanto escuto João Bosco cantando “Corsário” com a introdução do poema de Maiakovski, “E então, o que quereis?

Fiz ranger as folhas de jornal

Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.

E logo de cada fronteira distante

Subiu um cheiro de pólvora

Perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos

Nada de novo há

No rugir das tempestades

Não estamos alegres,

É certo,

Mas também por que razão

Haveríamos de ficar tristes?

O mar da história

É agitado.

As ameaças

E as guerras

Havemos de atravessá-las.

Rompê-las ao meio,

Cortando-as

Como uma quilha corta

As ondas

Composição: João Bosco / Emilio C. Guerra / Aldir Blanc / Vladimir Maiakovski.

Existo, logo penso.


E lembro logo da música “Felicidade” de Lupiscinio Rodrigues que diz:  – O pensamento parece uma coisa a toa /  mas como é que a gente voa quando começa a pensar.


Quem pensa,  pensa sobre alguma coisa ou alguém, que nos desperta pensamentos, resultado imediato de emoções de primeiro, segundo ou terceiro grau. E a depender desta emoção nascem pensamentos positivos ou negativos que vamos processando e digerindo diariamente.


Todo mundo pensa. Alguns mais outros menos. Alguns na morte da bezerra e estão sempre sérios e cabisbaixos . Outros não esquentam a cabeça com nada e para estes, o mundo  deve ser como um parque de diversão e aqui abro um parêntesis para o primeiro comercial cultural, conforme o filme (“A insustentável leveza do ser” baseado no livro do Milan Kundera), demonstra, com as magníficas atuações de Daniel Day-Lewis e as atrizes Juliette Binoche e Lena Olin.



A medida que vamos crescendo passamos a  entender melhor  quais pensamentos são nossos e quais são fruto de minhocas colocadas em nossa cabeça e acrescentamos mais um ingrediente no cardápio pensar: O pensar coletivo. E uma vez que somos seres sociais não podemos mais fugir de um inevitável destino político ideológico; é quando então nos associamos aos clubes e partidos que acabam por nós rotular e definir como republicanos e democratas.


Houve um tempo recente na história do Brasil de triste lembrança,  onde um funcionário público tinha que profetizar sua fé política: ARENA ou MDB.


50 anos depois …

Este texto demorou seis dias para ser finalizado. E para ser honesto não gostei. Como se diz, foi mais para cumprir o prazo do editor.


Doravante vou focalizar mais nos temas que são a minha praia. Música ,Literatura, Cinema e Futebol.

Bloco de Notas

Encontrei este texto no meu Bloco de Notas e pela data ainda não tinha começado oficialmente a publicar o Blog Sala de Redação. Acho que postei no Facebook, mas fiz uma busca e não encontrei. A data era 30 de Março de 2020.

Nestes tempos em que o nosso inalienável direito de ir e vir está comprometido, por um vírus que rompeu todas as fronteiras geográficas conhecidas e nos submete a uma quarentena que não tem tempo para acabar, todos nós vamos ter bastante tempo para refletir e pensar sobre quais são mesmo os valores que estamos cultuando e exercitando nesta imensa aldeia global.

Chegamos aonde estamos graças aos que vieram antes de nós. Os pioneiros, os antepassados, que forjaram todas as ferramentas para construir um conceito social de união para preservação da espécie. Da caça ao plantio foi um longo caminho. Existem livros que descrevem isso com muita autoridade. Quando se estabeleceu o primeiro conceito de Mercado é que a coisa começou a mudar de figura e o “vale quanto pesa” passou a ter a sua paridade medida em ouro.

Neste momento em que a saúde e a  educação foram incluídas na categoria dos negócios é que a grande equação começou a substituir o sinal de igual (=) pelo sinal de subtrair (-). Senão vejamos:  A sociedade criou um imposto coletivo exatamente para que todos membros tenham sem distinção direito a saúde e Educação. Criou-se então o conceito de público e privado, estabelecendo já um novo cenário de custo e beneficio, onde quem quer mais conforto e privilégios, pagam mais por isso. O que traduzindo na linguagem fiscal, qualquer um, entende como Bi-tributação.

A famigerada lei de mercado, oferta x procura (demanda), cada dia mais se afirma em cima do ditado: – Farinha pouca, meu pirão primeiro! – O que nos leva a insanidade das guerras, locais, globais. E considerando as que já passamos, as guerras civis e as duas grandes guerras, podemos afirmar , que de nada nos serviu , didaticamente, em nenhum sentido. A começar pelo comportamento moral, ético e racional., submersos por um mar de corrupção, cuja genética estrutural começou a ser instalada há tanto tempo que perdemos o fio da história e não encontramos mais a origem.