A Lista de Borges

A frase bíblica: – É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus , nos leva a duas leituras: A primeira equivocada de que os ricos, qualquer um deles,  estão impedidos por causa do seu apreço pelos bens materiais. A segunda e, aqui eu acredito ser a  que chega mais perto do significado original é aquela que afirma : – Riqueza nenhuma no mundo pode comprar o ingresso para o reino,  porque em essência ele é espiritual. Aqui não vale furar a fila;  o “quem indica” não tem o menor valor e os porteiros moralmente impecáveis em seus portais são insubornáveis.

Guardadas as devidas proporções e bota proporção nisto, para chegar a lista dos indicados ao Premio Nobel de qualquer uma das categorias e aqui vamos nos ater a categoria de literatura, um longo caminho precisa ser percorrido e um currículo precisa provar,  que dois itens ou apenas um,  sejam cumpridos para que uma competente comissão, eleita pela, até então imaculada, Academia Sueca aprove como indicação. Que o candidato tenha escrito um livro que fez estremecer o mundo editorial, seja pela qualidade da obra  seja pelo número de exemplares vendidos. Ou tenha vários livros publicados e aqui vale então o que eles chamam de conjunto da obra.


Depois do escândalo que abalou a ilibada reputação da Academia ficaram expostos à luz do dia a sujeira por tanto tempo escondida, e aqueles insuspeitáveis argumentos de que não havia qualquer interferência política foram escancarados.


Ao contrário da indicação ao Oscar,  quando apenas 5 são selecionados
para a grande final,  até hoje eu não sei quantos são indicados por ano ao Nobel.


Não sei por exemplo quando Borges,  Jorge Luis Borges,  escritor Argentino de reconhecida fama internacional passou a ter seu nome inscrito nesta seleta lista. O que eu sei,  sem dúvida nenhuma,  é que foi pelo conjunto da obra. Consultem o oráculo. Os livros estão lá.

Sei também,  e aqui reside a idéia que gestou este texto que,  ele, Borges, nunca ganhou o prêmio Nobel de literatura nem vivo ( e eu fico aqui tentando imaginar seu discurso de agradecimento) nem morto , em uma dessas homenagem póstumas.


Borges disse com aquele seu conhecido senso de humor :

Sou um candidato ao futuro Premio Nobel e serei sempre candidato ao futuro Premio Nobel. Me nego a sair da categoria.”

Por: Adolfo.wyse@gmail.com