Arquivo mensal: Abril 2021

Viver

Alguns sábios afirmaram que a vida não vem com manual de instruções. Outros sustentam que não é bem assim, que todos temos dentro de nós um manual do usuário, não só com um guia de conduta como também um GPS original de fábrica. Apenas, e sempre tem  um, mas no meio, precisamos acessar o painel de controle (cérebro) e encontrar o arquivo oculto. Que pode vir corrompido na origem ou com o manual escrito em uma língua diferente, por engano, na hora da embalagem.

Neste momento entram em cena, não só os bons samaritanos e quem entre nós não ajudamos uma velhinha ou um cego a atravessar uma rua?, como também aparecem os técnicos,  alguns formados em cursos oficiais com doutorado e tudo, outros que foram aprendendo de ver e ouvir falar, e oferecem um preço muito abaixo da tabela da Sunab e varia conforme a cara do freguês.

Uma vez eu resgatei um gatinho de um canal e ganhei uma mordida e uma aplicação de antitetânica como recompensa.

Mas o perigo maior é quando, estando perdidos e/ou desorientados, surgem os guias espirituais das mais variadas vertentes e todos eles pregam que são donos da patente, da concessão de licenças, dos direitos autorais, nada mais nada menos, do caminho da verdade. E começamos a pagar o preço dos pedágios.

Vocês sabem que eu tenho horror a esta ideia de ter seguidores. Por isto vocês não vão encontrar ao pé das minhas postagens qualquer botão de inscrição ou contador de número de visitas. Apenas o botão de compartilhar nas redes,  afinal quem não é visto não é lembrado.

Quando algum de vocês me sinalizar e para isso existe a caixa de comentários, que vocês acordam de manhã e durante o café, antes mesmo de ler o horóscopo do dia, vocês correm para ver na sala de redação a novidade do post do dia, ou ficam ligados nas notificações do celular, então eu vou dar um tempo e rever meus conceitos.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Não posso me queixar!

Esta afirmação pode ser entendida ou interpretada de duas formas a depender da sutil entonação na voz do sujeito.

A primeira é aquela que o sujeito quer dizer: – Não tenho do que ou por que me queixar. A vida está boa, tenho tudo que preciso. Nada me falta no plano material,  afetivo e espiritual.

A segunda é aquela que denota medo de ser punido por tentar expressar descontentamento com a vida, reclamar do que está faltando em todos os planos. Ser punido por uma autoridade maior; pela ordem: – Os pais, os irmãos mais velhos, os professores, até chegar no plano político, quando entra em cena o terrorismo do estado que condena qualquer sinal de liberdade de expressão. Sempre invocando o nome do pai espiritual e aqui já começa a violação de um mandamento: não usarás o nome de Deus em vão. Depois disso invocar a lei de segurança nacional é fichinha.


Já me refastelei bastante, (conforme eu ouvi uma vez em um centro onde fui buscar conforto espiritual), com sexo, cigarro, bebida, comida, prazeres culturais com livros,  músicas, filmes, peças de teatro, com as praias, montanhas e algumas viagens nacionais e internacionais, e principal e afetivamente falando, a companhia de uma família numerosa e amigos especiais.

Já renunciei ao cigarro e não foi por livre vontade,  mas sim pressionado pela ameaça de um enfisema. À bebida renunciei 98 por cento. A comida por conta de uma diabete tipo 1 controlada por remédios renunciei aos carboidratos, e os alimentos integrais passaram a fazer parte do meu cardápio.

Deixei o sexo por último e não foi por acaso, uma vez que nesta lista de renúncias tem um peso maior e ocupa a maioria dos nossos pensamentos masculinos e femininos. Neste quesito, então, não posso me queixar!

Por: adolfo.wyse@gmail.com