Arquivo mensal: Fevereiro 2021

Cinco Marias ( 1 – AMÁLIA)

Nesta estória de hoje, o Sr. Wilson,  meu pai,  vai ser apenas o coadjuvante, o que não diminui em nada o seu papel .

Mas a atriz principal é a Sra. Amália que cumpriu até o fim dos seus dias nesta terra prometida, a multitarefa de criar 9 filhos e adotar um bebê quando a prole mais nova já andava passeando na adolescência pelo bairro do Cristal em Porto Alegre. Com o apoio das duas filhas mais velhas, que supriram a ausência do Sr. Wilson

Que por  conta de seu trabalho como estivador no Porto de Rio grande, o impediu ou serviu como desculpa, para um processo de separação, sem culpa registrada em cartório.

Eu tenho uma lembrança muito clara de um dia na casa de madeira na Vila dos Estivadores,  meus dois heróis estavam discutindo a relação em alto e bom tom. Não sei de onde, mas  hoje eu desconfio,  me veio uma voz que gritou com os dois: – Calem a boca!  – Os dois ficaram me olhando assustados e não lembro mais de ver os dois discutindo.

Hoje eu entendo que além de já rolar uma incompatibilidade de gênios muito por conta de crenças religiosas divergentes, as escassas condições financeiras foram noventa por cento responsáveis.

Outra lembrança que vai comprovar o parágrafo acima: Minha mãe estava reclamando de que estava faltando alguma coisa em casa:  – 90 por cento era comida. O Sr. Wilson respondeu: – O que você quer mulher?  – Quer que eu dê um tiro em Deus?

E aqui chegamos ao x da questão.

A sua crença religiosa, que lhe deu forças para lidar com todas estas adversidades e ainda praticar a caridade e elevar o amor ao próximo ao seu mais alto nível ( o do perdão),  conforme  narrado na crônica Roda de Estiva,  do livro “Canção para Iara” onde o ator principal era o Sr. Wilson.

Vou colocar como apêndice aqui,  afinal nem todo mundo tem o livro em mãos para conferir,  e encerro com um texto que eu cortei do livro mas que aqui ajuda a compor o retrato falado de Dona Amália.

  PS:1

“Dois anos mais tarde, minha mãe, evangélica (adventista do 7º dia) de carteirinha, e digo isso sem sentido pejorativo, foi até a cadeia onde o dito cujo cumpria sua pena e, seguindo fielmente os mandamentos que praticava, disse que o perdoava.”

PS: 2

Dona Amália

Diariamente, com a exigência de alimentar 11 bocas, minha mãe cozinhava 1 kg de feijão.

Todo dia abria a Bíblia em qualquer página e deixava aberta, na cozinha.

      Enquanto escolhia o feijão, para cozinhar, lia silenciosamente o grande livro.

      Em suas mãos, nenhum terço, nenhum rosário. Apenas grãos que ela cuidadosamente selecionava, enquanto seu coração falava com Jesus sobre a vida, fé, trabalho, filhos, amor e caridade.

por: adolfo.wyse@gmail.com

Autor procura …

O personagem representa para o autor, aquilo que o ator representa em um filme. Um papel escrito e, não importa aqui se é narrado na primeira ou terceira pessoa, onde o personagem principal vai revelar na maioria das vezes a visão e o comportamento do autor,  o cara que viveu a experiência e ou a imaginou e,  vai ser o promotor daquele encontro quando a vida encontra a arte ou vice versa;  e grandes personagens adquirem corpo e alma e,  passam a fazer parte de nossas memórias.

Cada um de nós se fizer uma busca vai lembrar de algum que marcou a sua vida. No momento me veio a cabeça dois:- O “Horácio Oliveira” do livro “O Jogo da Amarelinha” de Júlio Cortazar e Edmond Dantés,  do livro que virou filme “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas.

Claro que vamos  encontrar nos filmes,  muito mais do que nos livros. O cinema promove muito mais inclusão social e por isso mesmo é mais popular.

E não estou falando de heróis e vilões. Mas de homens e mulheres lidando com suas alegrias e tristezas cotidianas, em uma luta diária buscando sucesso pessoal e profissional, em ambientes na maioria das vezes insalubre, sem o mínimo de saneamento básico e sob altas taxas de temperatura e pressão, isto é, pequenas e grandes violações de direitos humanos.

À medida que for lembrando e revirando os arquivos mais antigos e que podem vir a servir,  vou atualizar a minha lista de personagens de livros e filmes;  enquanto isso vocês façam a sua busca e depois vamos compartilhar, que isso é o que importa e faz a roda do mundo  girar. Estão aí e,  definitivamente vieram para ficar,  as redes sociais.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O Comentário que virou crônica.

Embora curta, muitas vezes esta página, acho que só a li uma vez.
A falta de óculos, junto com a hiper atividade, que galopa, de forma desastrosa, embrulhado galhos com bugalhos, ou seria confundi-los. Acho que nem é galho e sim alho. Há também esta incorrigível dislexia.


Mas hoje insone, nestas madrugadas, parei pra ler . E gostei das histórias e  ficarei mais atenta.


A historia dos gémeos, me lembrou da minha, que não sei se é fruto da minha imaginação, ou por contos orais, familiares, que passam de pais pra filhos e seguem geracões adentro.
Mas seguindo este fio , rege a lenda que fui batizada num velório. Já que, quando eu nasci, alguém havia morrido, sempre haverá os que nascem e os que morrem, se não , não haverá espaço para todos.

Havia um código de crenças, que  crianças pagãs não poderiam ir a enterros e velórios. E como eu era muito pequena e franzina, e corria riscos, por garantia era bom que fosse batizada. E o mesmo padre que encomendava a alma por espaços desconhecidos do além, encaminhava meu destino, por andanças desconhecidas, por este mundo a fora.

Sempre brinco que tenho um pé na vida e outro na morte, já escapei por 2 ou 3 vezes. Sob o signo de escorpião e regência de Perséfone (A Deusa dos submundos) Uma coisa é certa, um dia não escapo.


Mas tudo bem. Haverão outras vidas….. assim creio.

PS: Comentário sobre a Crônica ” Os Gêmeos”por Rosi.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Estórias da carochinha

Não sei se hoje em dia, as crianças ainda acreditam naquelas narrativas que pais inseguros inventam para se livrar da curiosidade infantil sobre o nascimento dos bebês. A mais antiga e comum para ser aplicada naquela faixa etária entre 5 e 8 anos é a conhecida fábula da Cegonha, coisa que os estúdios Disney ajudaram a difundir.


A segunda narrativa, ainda em vigor,  pelas mesmas razões anteriores, insegurança dos pais,  mas já introduzindo uma pitada de sexualidade, o que convenhamos,  apenas aguça ainda mais a  imaginação infantil já tão fértil por natureza;  é aquela que o papai planta uma sementinha no corpo da mamãe e aqui tem início as tão necessárias lições de anatomia.

A terceira narrativa,  adotada depois da invenção dos computadores pessoais por uma parcela mais descolada da população,  afirma com igual naturalidade que o papai espeta o seu Pendrive na porta USB da mamãe. “Qui nem” aquelas naves espaciais acoplando na estação espacial.

Então, as vezes, sem ter mesmo digerido todas estas informações, que vamos repetir para nossos filhos como uma atávica herança ancestral, uma nova narrativa é introduzida no roteiro que é composto de apenas dois capítulos:  Vida e Morte.

A pergunta que não quer calar e vai nos acompanhar até o fim dos nossos dias é: – Para onde vamos quando morremos e, a resposta inevitável dos pais pela mesma insegurança é ,de que,  vamos para o céu;  se tivermos um bom comportamento moral e social e aqui somos introduzidos no campo das teologias e filosofias e, a tese da reencarnação ganha grande popularidade e, chegamos aonde estamos sem saber pra onde vamos e, o quando vamos, aqui,  começa a ter mais importância que o,  como vamos voltar . Por mim eu acredito que querer é poder e assim eu quero voltar com o corpito do Brad Pitt (aquele que exibiu no filme “Tróia”), eu, contracenando com a Natalie Portman ,  a Penélope Cruz e a Scarlet Johansson.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O leite só derrama quando a gente não tá olhando…

Acho que esta sábia reflexão,  nasceu depois daquela outra, de caráter mais religioso:  – Orai e vigiai!

Só nos damos conta disso e paramos para refletir do valor das coisas quando as perdemos ou faltam,  como por exemplo a luz, a água, os serviços públicos como a limpeza das ruas.

A luz, por exemplo, antes a gente ficava apenas no escuro, coisa que uma vela aqui, um lampião acolá, uma lanterna ali, amenizava a escuridão. Hoje você fica sem geladeira, micro ondas, televisão e internet, o que acelera nossos batimentos cardíacos e eleva nosso estado de ansiedade.

A reflexão se aprofunda quando começamos a falar de, gente como a gente,  de relacionamentos parentais e afetivos, homem e mulher e amigos.

Até então,  tratamos estes relacionamentos como se fossem parte de um contrato que jamais seria quebrado. Como o sentimento de uma grande parte dos jovens em relação a vida. Alguns até patéticamente tentam imitar algumas figuras como Reis, Rainhas da cocada e Ditadores de plantão ( não é impressionante como estas patéticas figuras,  ainda existem?) que acreditam exercer um poder por direito e concessão divina.

Vamos pois,  fazer o nosso exercício diário,  de capinar os nossos canteiros,  para que nossa alma não tenha mais está aparência suja de um terreno baldio.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Esse tal de Futebol

No meu tempo e, de muitos outros que a seu tempo, viveram alguns, assistiram outros, gloriosos momentos do futebol, não havia tantas competições, mas sim torneios em campos profissionais e de várzea onde antes do jogo os dois times se perfilavam naquelas fotos clássicas que emolduram paredes e álbum de figurinhas: 6 em pé  de braços cruzados normalmente, o goleiro e os zagueiros  e,  na frente agachados,  os atacantes.

Hoje às fotos são tiradas só ao fim do jogo,  quando o capitão do time ergue a taça junto com a comissão técnica,  os diretores e o presidente do clube em pessoa,  igual ( eu queria falar “qui nem”, mas parece que esta expressão não existe e,  ou não deve ser usada para não ferir os delicados ouvidos dos professores de português ) aqueles proprietários de cavalos no jóquei posando na foto da vitória .

Tudo isso para afirmar aquilo que vocês já sabem, e os comentaristas não se cansam de comentar. O futebol mudou ou mudamos nós?

No intervalo do jogo,  quando um jogador de cada time que se destacou é chamado para uma rápida entrevista com o repórter de campo, o que escutamos? – A gente teve uma desatenção e o time deles é muito qualificado então vamos ver o que o professor vai falar pra gente virar o jogo.

Independente do resultado,  ao final do jogo o repórter de campo pergunta ao mesmo jogador: – O que foi que o professor disse?
– Ele falou: quanto mais a gente tiver a posse de bola mais o time deles vai correr e se desgastar; portanto vamos caprichar no passe,  na hora de finalizar e colocar em prática todas as jogadas ensaiadas nos treinos e finalizando a preleção sempre com uma citação de Neném Prancha; – Treino é treino e jogo é jogo;   futebol é bola na rede e vale gol de qualquer jeito desde que o Juiz e, agora o Var validem.

Respondendo então a pergunta inicial: o que mudou? Mal se distingue na camisa do clube o seu escudo diante de tantas marcas estampadas. O cabelo dos atletas merece um capítulo a parte. Basta um destes medalhões, esses candidatos a melhor do mundo cortar o cabelo e pronto: – lançam moda e tendências. Agora é meio moicano, meio não sei o que. E nem precisamos falar das chuteiras coloridas algumas dupla face,  um pé rosa outro laranja.

Encerrando então essa resenha, tipo assim, troca de passes,  cheguei a casa de um amigo alienado que só assiste jogo de futebol americano e estava assistindo um jogo de futebol.

Perguntei: quem está jogando,?

– Ele respondeu: BANRISUL X BANRISUL

Era um Grenal,  minha gente.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Bye Bye Brasil

Eu estava inquieto no meu canto, como disse a Adriana Calcanhoto em um DVD documentário, quando começou a circular, (o pessoal mais descolado, os Youtubers chamam de bombar) , nas redes, um texto do Carpinejar, escritor gaúcho, falando sobre o BBB. E para botar os pingos nos ís,  as vírgulas no lugar, esta indefectível sigla não se refere ao filme “Bye Bye Brasil”de Cacá Diegues,  com José Wilker,  Fábio Junior, Betty Faria e trilha sonora do Chico Buarque, Roberto Menescal e Dominguinhos.

Perceberam quantas informações culturais foram passadas nestas poucas linhas? Será que já posso me considerar um Influencer Digital?
Imaginem então, ler “As cem melhores crônicas Brasileiras” do Joaquim Ferreira dos Santos. Um paisano acaba a leitura ouvindo aquelas vozes sabotadoras: –   Este negócio de escrever não é pra você, vai procurar uma roça pra capinar ou trabalhar em banco 8 horas por dia.
Mal sabem elas, as vozes, que me aposentei como bancário, após 36 anos de bons serviços prestados, portanto tenho todo o tempo do mundo e não são elas que vão me desanimar.

Não estou aqui para convencer vocês meus queridos e fiéis leitores qual Rede, emissora de Tv, vocês devem assistir. E olha que eu tenho um imenso material para convencer qualquer ser humano que se preze para não assistir nenhuma. E começaria com o meu melhor argumento que na verdade ouvi alguém falar:  – A televisão é um portal para emoções negativas. Mas parto do pressuposto de que todos vocês são maiores de idade, e vacinados, isto é, aprenderam a usar o controle remoto.

Leiam o texto e vejam o filme e depois me digam o que valeu mais a pena. Em bom português, qual deles fez sua alma dançar e com vontade de sair por aí cantando a alegria de viver.

Por: adolfo.wyse@gmail.com