Quando a gente é criança, esta distinção dos dias não existe. Todo dia é dia de brincar com alegrias inocentes. Aos poucos vamos crescendo e observando os adultos separando os dias, em dias de trabalho, dias de lazer e descanso.
Na adolescência, pelo menos no meu caso, os Domingos foram os primeiros a chamar minha atenção, pelos rituais que oferecia: – Missa de manhã, para os católicos principalmente, por conta de suas crenças e para os outros que se infiltravam através dos amigos, afinal era o ponto de encontro do bairro, se em cidade grande, ou se da cidade do interior, com apenas uma igreja, uma praça.
À tarde, o cinema era a maior atração, não só pelos filmes mas pelo encontro coletivo de rapazes e moças começando a produzir aqueles hormônios perturbadores. Quem já tinha um par ia para gozar literalmente da intimidade que o escurinho do cinema proporcionava, e muito mais perturbador, que o barulho dos pacotes de balas e amendoim sendo abertos, era o dos beijos trocados nas poltronas ao lado, atrás e na frente sem nenhum pudor ou inibição.
Era dia de botar a melhor roupa, e no dia anterior a gente já ficava implorando para a mãe passar aquela camisa de tergal. E daí deve ter nascido a expressão: – Roupa de Domingo.
Quando eu cheguei no Rio, descobri que o carioca cultuava o dia de Sexta-feira, muito por conta da cultura dos botequins, dos bares e pés sujos, templo dos boêmios . Sexta então, era o dia da alegria, do Happy Hour, como se não houvesse amanhã.
Mas o meu dia preferido é o Sábado que apesar de carregar várias proibições sabáticas de fundo religioso, e as recomendações dos Adventistas do 7º dia e a dos Judeus ortodoxos muito se assemelham.
Quando eu trabalhava eu ficava mais relaxado porque sabia que tinha o domingo de anteparo para encarar a segunda feira, que era chamada de “dia de branco” como se o trabalho fosse um castigo.