Esta afirmação pode ser entendida ou interpretada de duas formas a depender da sutil entonação na voz do sujeito.
A primeira é aquela que o sujeito quer dizer: – Não tenho do que ou por que me queixar. A vida está boa, tenho tudo que preciso. Nada me falta no plano material, afetivo e espiritual.
A segunda é aquela que denota medo de ser punido por tentar expressar descontentamento com a vida, reclamar do que está faltando em todos os planos. Ser punido por uma autoridade maior; pela ordem: – Os pais, os irmãos mais velhos, os professores, até chegar no plano político, quando entra em cena o terrorismo do estado que condena qualquer sinal de liberdade de expressão. Sempre invocando o nome do pai espiritual e aqui já começa a violação de um mandamento: não usarás o nome de Deus em vão. Depois disso invocar a lei de segurança nacional é fichinha.
Já me refastelei bastante, (conforme eu ouvi uma vez em um centro onde fui buscar conforto espiritual), com sexo, cigarro, bebida, comida, prazeres culturais com livros, músicas, filmes, peças de teatro, com as praias, montanhas e algumas viagens nacionais e internacionais, e principal e afetivamente falando, a companhia de uma família numerosa e amigos especiais.
Já renunciei ao cigarro e não foi por livre vontade, mas sim pressionado pela ameaça de um enfisema. À bebida renunciei 98 por cento. A comida por conta de uma diabete tipo 1 controlada por remédios renunciei aos carboidratos, e os alimentos integrais passaram a fazer parte do meu cardápio.
Deixei o sexo por último e não foi por acaso, uma vez que nesta lista de renúncias tem um peso maior e ocupa a maioria dos nossos pensamentos masculinos e femininos. Neste quesito, então, não posso me queixar!