Já ouvi dizer que nas primeiras horas da manhã é o melhor horário para se escrever, quando as idéias e os sonhos, as vezes, ainda estão frescos em nossa mente, sem sofrer a contaminação das primeiras notificações do dia.
Já tive no passado, como todo aspirante a escritor, aquela idéia romântica de que no silêncio da noite, a inspiração, essa musa de hábitos noturnos, dá as caras para os iniciados. E a imagem de um quarto, uma mesa com uma máquina de escrever, um maço de cigarros e uma garrafa de whisky, se o filme for americano, uma de vinho se francês, completa o cenário.
Hoje em dia as coisas mudaram muito de figura, exigem novas configurações, um verbo que a turma antiga tem muita dificuldade de conjugar. As novas gerações parece que já vem com ele instalado no sistema. E tem na mão uma máquina, inclusive para escrever, que só falta respirar.
É um assunto vasto, como vasta é a literatura. Queiramos ou não, recorremos sempre aos grandes nomes, a turma que frequentou o tapete vermelho do Prêmio Nobel, em busca da receita mágica. Esta semana mesmo me encontrei pensando, o quê Gabriel Garcia Marques e José Saramago tinham em comum em seus históricos. E lembrei que ambos foram jornalistas por muitos anos.
Claro que isso não é uma pré-condição. Existem outros grandes autores que nos provam isso. Quanto a melhor hora para escrever será sempre aquela em que a folha em branco começa a ser habitada pelas letras miúdas, palavras imantadas, histórias encantadas.