Abri a janela do escritório, que não passa de um terceiro quarto, com uma escrivaninha, uma estante embutida dentro de duas portas do armário, e um sofá cama, e dei de cara com um cenário que há muito tempo não via, desde que deixei os pampas do Rio Grande . Um cavalo malhado, marrom e branco, igual aqueles dos filmes do velho oeste apenas sem nenhum índio montado, pastando tranquilo em um jardim de uma praça na esquina da rua São Francisco Xavier com Dr. Satamini .
Fiquei me perguntando como ele foi parar lá, se alguém o levou, tipo esses passeadores de cães, se veio trotando mesmo, fugindo de um cativeiro onde era obrigado a puxar carroça 24 horas por dia, mal alimentado, sem férias e 13º nem pensar. Claro que não veio de metrô nem de Uber, seria muito difícil de explicar.
Já se passaram 2 horas e ele ainda está lá. Filmei porque a distância não permitia uma boa foto para eu postar. Vou mostrar pra Tânia ser a testemunha que vai atestar a veracidade dos fatos. Não vou ficar aqui de vigília para ver quem vai vir recolher o animal. Se a SPA ou uma destas ONG que resgatam animais abandonados a própria sorte.
Ontem, eu não atinei e não sei se teria tempo de filmar, uma limusine daquelas compridas e toda cor de rosa, o que chamava mais a atenção, uma vez que a maioria é de cor preta que serve para qualquer evento. Me restou apenas ficar imaginando quem estava dentro. Se uma destas celebridades tupiniquins (Yes, nós temos também) ou um casal de classe média, que alugou para tirar uma onda, fazer uma presença, para postar para a posteridade.
E para fechar a crônica, estava na cozinha tomando café quando ouvi um gavião. Corri para a janela da área de serviço e lá estava ele empoleirado no topo de uma antena em cima do telhado, ponto de observação para vários pássaros. Os bem-te-vis são os mais comuns, depois uma ou um casal de maritacas desgarradas do bando.