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Rascunhos Noturnos

Conforme prometido em um post anterior, no dia 6 de Abril, quinta feira, tomei uma anestesia geral para fazer o procedimento de Ablação, para resolver uma fibrilação atrial, que consiste a grosso modo, soldar e isolar os circuitos elétricos que provocam os curtos , causando a arritmia.

Voltei para o CTI e após tentar ligar a televisão pelo controle e não conseguir, me dei conta que não conseguia dormir e ia ser uma longa noite até o café da manhã.

Comecei então a rascunhar mentalmente, primeiro pelo título e depois fixando os pontos, para quando fosse escrever no papel no dia seguinte.

Por ordem de chegada foram os seguintes, que vocês vão poder Ler no blog O Correio da Tijuca:

As palavras imantadas – Meu caro amigo #2 – julgamento alheio – Páscoa – Dos contratos e Rascunhos noturnos. E uma playlist com músicas que falam do coração.

No dia seguinte me dei conta que estava ainda sobre o efeito da anestesia.
Quando o enfermeiro veio tirar e refazer os curativos na virilha, me informou que o ideal para retirar era usar éter, mas há muito tempo foi proibido por conta dos muitos roubos praticados por adictos de drogas.

Resolveu também o mistério de a tv não ligar: Tv LG e controle da Samsung. 

Por: adolfo.wyse@gmail.com

As palavras imantadas

Quando estava escrevendo o Livro Canção para Iara, saquei para usar uma gíria fora de moda, dos maravilhosos anos 60/70, que as palavras são imantadas, ou seja, atraem em seus polos positivo e negativo, as cargas de positividade e negatividade, que estão em todas as coisas, como uma lei do universo, e que ao fim e ao cabo, dá equilíbrio aos corpos físicos e materiais.
Assim elas carregam emoções expressadas que demonstram estados de espírito, sentimentos, que alguns seres humanos conseguem, mascarar, dissimular, e os psicólogos aprendem desde cedo a fazerem a leitura do corpo, aquilo que não é falado, ou então é falado demais, na tentativa de ocultar algo, que vai expor aos outros fraquezas inconfessáveis, que a sociedade classifica como crimes das mais variadas naturezas, que atentem ou ameacem a moral e os bons costumes.

As palavras e as imagens nos assaltam de um modo muito mais rápido do que podemos selecionar e digerir como alimento saudável para a alma e ou espírito.

Nos pegamos perguntando assustados de onde nascem estes pensamentos, e na hora não percebemos que eles vem de toda parte e através de vários meios de comunicação, o velho e bom, boca a boca, a fofoca nossa de cada dia, as rádios, jornais, tv e redes sociais.

Para piorar, não existe nenhum senso de censura, que possa frear a má educação, nem mesmo aquela famigerada proibida para menores, de quantos anos mesmo?

Quando alguém faz qualquer movimento neste sentido, seja autoridade politica, religiosa ou civil, a velha e inabalável bandeira da liberdade de imprensa é levantada.

Em tudo existe um custo benefício.Perdemos há muito tempo a capacidade de colocar na balança e aferir o preço que estamos pagando, individual e coletivamente .

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Julgamento Alheio

Hoje, depois de passar 9 horas em claro, depois de uma anestesia geral para um procedimento no Quinta Dor (falo disso em um próximo post e vocês entenderam melhor), estava seco para tomar o café da manhã, café preto e forte que chega entre cinco e seis horas da manhã.

Ainda bem que a Tânia foi dormir em casa, pois eu estava no CTI,  senão ela ia surtar com os fatos que vou descrever, na ordem a seguir.

A funcionária que trouxe o café deixou naquela mesa ajustável a cama, onde eu estava sem poder mexer muito por causa dos curativos e dos fios de monitoramento.

Veio como  em todos os dias a mesma coisa. Duas garrafas pequenas, Uma de leite e uma de café, dois mini pães integrais, duas fatias de queijo branco, uma salada de mamão, e dois tabletes, um de manteiga e outro de geleia, que nunca comi.
Servi a chícara média quase cheia, e tapei bem a garrafa. Fiz os sanduíches com o queijo, e comecei a comer e beber o café.

Estava na metade quando a personagem principal entrou no quarto. Uma enfermeira com uma máquina portátil para fazer um Eletro, que faz mais rápido que colocar os fios nos catéteres nos braços, tornozelos e peito.

Olhou pra mim e falou. Desculpe, preciso interromper seu café.
Achei um desrespeito, mas concordei. Aconteceu então o primeiro fato. Ao tentar afastar a mesa do café da lateral da cama, derrubou no chão a garrafa do café preto, que para minha sorte e dela estava fechada. Ela falou alguma coisa e colocou de novo na mesinha. Colocou os fios e quando acionou o controle remoto do eletro, não funcionava. Se dirigiu para a porta e falou com a enfermeira no balcão: – Fulana, me dá uma luz! A outra  respondeu: – tá se luz, Sicrana? – pode ser as pilhas, podem ter colocado errado. Chegou e ajudou a inverter a posição e o aparelho ligou.

Virou  e falou para eu nem respirar e imprimiu aquela primeira folha de teste. A segunda não saiu porque o rolo acabou.
Recorreu novamente a colega que conseguiu e ajudou a posicionar na máquina. Conseguiu enfim.

Virei pra ela e falei! Você tá deixando o teu plantão agora? Ela concordou e falou alguma coisa sobre estar atrasada e hoje ser feriado. Eu disse. Por isso você está agitada? Ela disse que não estava. Eu falei de novo. No meu tempo de bancário acontecia muito comigo. Impressora não funcionar, Por falta de cartucho ou rolo de papel e idem para o telex.

Ela se queixou do hospital, que está faltando gente e aquele discurso  que todo mundo que trabalhou em qualquer empresa conhece, sem falar do sufoco da condução para ir e vir.

Agradeci a ela, desejei bom feriado e boa páscoa, percebi que tinha conseguido recuar no meu julgamento alheio, coisa que ainda bem, não chego a expressar verbalmente. Uma coisa é você ler  na internet aquela mensagem:  Não julgue e trate bem as pessoas. A gente nunca sabe pelo que estão passando. A outra é quase sempre mais aplicada: – Tratar mal e nem mesmo dar ao outro tempo de dizer o que está passando.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

As forças ocultas ou Deus e o Diabo na terra do sol.


Quando Lionel Brizola, governador do Rio Grande invocava em seus discursos as forças ocultas, estava se referindo, ao poder que é exercido sobre o tabuleiro político, nada a ver com esoterismos e dogmas religiosos. A grande batalha era o capitalismo x comunismo.


Nos anos 70, surfando na onda do movimento hippie de Paz e Amor, sexo, drogas e rock & roll, filmes Hair, Easy Rider e festival de musica de Woodstok,  eu devorei os livros do Carlos Castaneda, que fizeram muito sucesso, diga-se de passagem, por conta de uma associação muito pejorativa em relação as drogas, a ponto de traduzirem um título como A Erva do Diabo.

Dona Mariazinha, teosófica sem carteirinha de filiação, me alertou:
Estes livros são esotéricos e exigem, no mínimo uma maturidade emocional e Espiritual, coisa que eu estava longe de possuir.
Apesar de tratar de Feiticeiros e mundos mágicos, aqui, Don Juan fazia o papel do bom bruxo,  assim como Merlin, Harry Potter e aquele do Senhor dos Anéis, o que explica muito a grande audiência, principalmente de jovens.

A mim me serviu como viagem literária. Os livros são bem escritos. Quando reli, com olhos mais abertos, os quatro volumes, das “Mil e uma noites”, a existência frequente de Feiticeiros, Gênios e demônios não mais me assombrou.

Como diz a sabedoria popular:

Não acredito em bruxas, bruxo, mas que existem, existem, para o bem e para o mal.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Abril


Já postei aqui no blog, O Correio da Tijuca, hospedado no site www.acasadosolnascente.com.br , que o mês de Abril, é especial para mim, por conta dos eventos que vou citar, novamente.
No dia 10, casei no cartório e no dia 15 na sinagoga da Ari, em Botafogo. Fazendo uma conta rápida de cabeça, são 42 anos de altos e baixos, com mais alegrias do que tristezas.
O dia 28 representa um renascimento, de uma adicção compulsiva, que me levou ao fundo do poço.
A palavra ajuda contém 4 verbos:

Precisar, procurar, encontrar e aceitar.

Encontrei em um programa de 12 passos, utilizados por grupos anônimos no mundo inteiro, o meu templo e minha escola de vida, que prega com sabedoria, viver um dia de cada vez. Que nos tira de cima o peso do passado e ansiedade do futuro.

Um terceiro evento que começou em Abril de 2020 foi a construção do site com o WordPress, e hospedagem paga, onde me fez muito bem criar o Blog, O Correio da Tijuca , e postar playlist de músicas, que posso selecionar e compartilhar nas redes.
Se vocês entrarem no site, embaixo dos comentários, tem uma timeline, mês a mês, ano a ano. Comecem por Abril de 2020. Já terão uma idéia da proposta.

No andar da carruagem, no meu ritmo, até o fim do ano, terei material, para editar o  “O Correio da Tijuca -Vol.2”. 

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O Filme que está passando na minha cabeça



O filme que está rodando neste momento e que nunca sai de cartaz, pelo menos até o The End aparecer na tela e as luzes do cinema se apagarem, é o da minha vida, aquele que invocamos sempre, diante de situações criticas, principalmente de risco de vida.

Traduzindo em miúdos, são as memórias de um paisano com seu currículo vitae atrelado, com histórico pessoal de nascimento, familiar, escolaridade e profissional.
Este é o pacote básico.

Mas o que vai pesar na balança do vale quanta pesa, é o comportamento moral e ético, quando sujeito as interações humanas, com suas hierarquias herdadas de pai pra filho, desde 1910 para não precisarmos chegar aos Dez Mandamentos, que sabemos hoje, o quanto foram perdendo valor, com a disseminação das franquias, as famosas seitas religiosas.

Dois filmes são suficientes para ilustrar e enriquecer o texto.
Um é “Antes de partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman. O outro é “Viver” de Akira Kurosawa, e é uma pena que quase não se encontre mais uma cópia em bom estado. O filme é antigo e em preto e branco.

Alguém me disse, que escutou alguém falar, e não sabe afirmar se foi o Freud ou o Jung, que nós somos os diretores de nossos sonhos. Trazendo a coisa pro cotidiano, a vida como ela é, a dor e o gozo, são pessoais e intransferíveis.

Eu gosto muito de frases feitas que encerram verdades ou pílulas de sabedoria. Uma delas que corre sem crédito do autor na internet é aquela: A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
A última que encontrei e que adorei é esta do Millôr Fernandes: Viver é desenhar sem borracha. 

Por: adolfo.wyse@gmail.com

A Lição de domingo

Quando acordei, pensei com má vontade, que fechar uma planilha do Excel com o orçamento mensal dos meses de janeiro a Março, para tentar traduzir em números, aquilo que os mais renomados economistas não conseguem explicar: Porque o orçamento doméstico está acabando no dia 10, não é exatamente um bom programa para um domingo de sol no Rio de Janeiro.


Qualquer aposentado sabe de cor e salteado, independente da faixa salarial, que nenhuma conta pode fechar, quando se tem um aumento de 5% de reajuste e somente no plano de Saúde, o aumento é de 17%. O que explica o elevado índice de devedores no País.


Voltando a planilha foi fácil identificar que o gasto com farmácia no cartão de crédito como o grande vilão.

Desisti da planilha, fui cumprir uma visita social antes almoço, e pensei em começar a rascunhar o meu imposto de renda a tarde.

A única atração esportiva era o jogo do Warriors com Timberwolves de noite. Disputa direta por uma vaga nos playoffs.

Depois do almoço fui tirar uma siesta como de costume quando senti um espasmo no peito. Após alguns minutos passou. Uma hora depois voltei a sentir. Foi quando a minha personal trailer que eu carinhosamente chamo de “GloboNews -nunca desliga”, falou: – Vamos agora mesmo pro Quinta Dor. Eram 17 horas quando chegamos e fui imediatamente atendido e fui obrigado a assistir na sala de recuperação enquanto esperava uma vaga no CTI, o programa o caldeirão do Hulk com as danças de famosos e tudo, o Fantástico e fui poupado do BBB por pouco.

No dia seguinte soube que os Warriors perderam o jogo por uma bola de três. (mais um de vários)

Hoje é quinta feira e a minha esperança de alta murchou com o médico dizendo que os exames que eu fiz não explicaram o mal estar e preciso fazer uma ressonância magnética mais completa.
Seja o que Deus quiser. Como sempre nestes momentos percebemos melhor e refletimos melhor sobre a vida, revendo nossos conceitos de valores e comportamento moral.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

O mesmo velho Blues

Este título de um blues (The same old  blues), vai servir para conduzir e traduzir os meus sentimentos em relação ao carnaval. Antes de mais nada, que conste nos autos, que sempre fui ruim da cabeça e doente do pé, mas um apaixonado pelo samba em todos os seus gêneros. Raiz, de roda, enredos.

Todo ano é a mesma coisa. Gente chegando e saindo pelos terminais rodoviários, turistas chegando de navio no Rio, Salvador, e Recife, as capitais preferidas da folia, mas não vamos esquecer de São Paulo que não produz mais só café, e já tem seu próprio desfile.

O esquenta começa em Dezembro com as escolas mostrando nas quadras o samba enredo escolhido, para arrecadar o dinheiro das fantasias e as alas irem decorando e ensaiando suas coreografias.

Os grandes personagens que vão se destacar durante o desfile são: O Carnavalesco, a comissão de frente, o puxador do samba ( “Puxador é puxador de corda, de fumo, de carro, puxa-saco… Eu sou é intérprete de samba-enredo!” – Jamelão, cantor e principal voz da Mangueira.) , o mestre de bateria, Mestre sala e porta bandeira, e a cereja do bolo, a rainha de bateria. O carros alegóricos, a harmonia do conjunto vai valer muito na hora da apuração.

Vou citar alguns nomes que já fazem parte da história dos desfiles, antes e depois da Sapucaí. Jamelão, Neguinho da beija flor, Joãozinho trinta, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, e muitos outros.

A Luma de oliveira foi uma das rainhas que mais causou na avenida. Seu reinado durou de 1987 a 2009.

Existem com certeza bons livros sobre o samba e as escolas.
Aquela máxima, dirigida ao Blues, mas que serve para os sambas enredos: – escutou um escutou todos,  não é verdadeira.

Bom carnaval a todos!

Por: adolfo.wyse@gmail.com