Mais do que a mensagem encontrada na garrafa, a reflexão produzida a seguir merece uma atenção maior do que um rolar a tela sobre um texto que não carrega nenhuma imagem. Nenhuma imagem? E a sua imaginação a quantas anda, em que bandas caminha?
A minha, que estava perdida também, tentando fugir da realidade da pandemia; como se fosse possível, com os telejornais jorrando um progressivo obituário coletivo, voltou ao seu ponto de origem, ao seu centro.
Se pessoas estão morrendo, pessoas estão confortando os familiares. E pessoas estão nascendo trazendo esperanças novas e restabelecendo o equilíbrio para um mundo melhor.
Neste exato momento pessoas estão trabalhando, criando, escritores, poetas, músicos, atores, para nos ajudar a atravessar estas ameaças com força, fé e esperança.
Quando puxei hoje a rede do Instagram. lá estava ela, a garrafa com várias mensagens: Crônicas Amarelas.
Agora vou publicar este post e jogar no mar da grande rede da internet. Enquanto escuto João Bosco cantando “Corsário” com a introdução do poema de Maiakovski, “E então, o que quereis?“
Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo de cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas
Composição: João Bosco / Emilio C. Guerra / Aldir Blanc / Vladimir Maiakovski.