O que vem primeiro?
A necessidade sexual ou afetiva?
Acredito que a afetiva. A sexual vem depois, em tempos distintos para todos os gêneros, mais cedo ou mais tarde, a depender das condições de temperatura e pressão, dos estímulos cada vez mais acessíveis e sedutores, embutidos na palma da mão, ao alcance de crianças ainda em formação, sem os devidos avisos de prevenção: proibido para Menores de 13 anos, que é quando o menino e a menina atingem a maioridade sexual, isto é, podem vir a ser pais, o que se vê muito em países de terceiro mundo, meninas carregando filhos, sem nem mesmo ter tido o tempo de brincar de bonecas.
Os pais dos nossos pais passaram pelo mesmo processo. Aprendendo, cada um a seu modo, como lidar com o tabu do sexo, palavrão proibido dentro de casa, principalmente em lares com forte educação religiosa, católicos e evangélicos, onde os pecados são proibidos, sob pena de serem punidos com a excomungação do exílio.
Estas mães solteiras desamparadas vão cair literalmente na vida. Há quem chame prostituição de vida fácil.
Observando em campo, durante 28 anos, grupos anônimos de apoio aos adictos de álcool, drogas, e outras compulsões, escuto muita gente falar sobre sexo em geral, mas muito pouca falar da sua vida sexual. Isso deve dizer alguma coisa sobre como o assunto é delicado para ser tratado em qualquer confessionário.
Nunca li nada do Dr. Freud. Mas ouvi de orelha, alguém dizendo por aí, que por trás de toda essa defesa, escudo de proteção, escondem-se os complexos de inferioridade. Que os mais afortunados podem se dar ao luxo de tratar com um terapeuta, uma sessão por semana. Os mais pobres, vão trocar experiências, com um amigo ou irmão mais velho, que servirão como mentores.
Tive o privilégio de ler “o Analista de Bagé”, do Luis Fernando Veríssimo, que trata do assunto de um modo nada ortodoxo, um jeito bagual de ser. E quando chega um paisano com passos tímidos e inseguros, ele vai logo na primeira leitura, dando o diagnóstico: “Esse guri não mamou na teta” .