Arquivo mensal: Maio 2024

Todos os nomes.

De qualquer modo e em qualquer caso, a vida segue o seu curso, obedecendo leis do universo, algumas traduzidas na natureza, com o ciclo das estações, indicando o tempo de plantar e de colher, outras, invisíveis aos olhos humanos.

Ao fim e ao cabo, seguimos como um rio, até o destino, o grande mar, cumprindo uma jornada, que iniciou em uma nascente, que não saberemos nunca, a origem. E não precisamos saber.

Nelson Sargento, grande compositor, cantor, escritor e pintor, disse:

“Aprendi muita coisa com a vida. Mas não posso provar. A vida não dá diploma.”

Posso aplicar o mesmo conceito aos livros. Li muitos livros. Mas não posso provar. O máximo que posso fazer é citar um título, um autor, uma frase, que marcou um parágrafo em determinado capítulo da minha vida.

Escutamos com frequência, a sabedoria popular afirmar, com testemunhas ao vivo, que antes de fazer a passagem, a travessia para a outra margem do rio, passa em nossa mente um filme, onde,  depois do The End, as letrinhas descem a tela, por ordem de aparição, no caso dos personagens e obedecendo  uma hierarquia; atores principais, depois os coadjuvantes. E nosso nome vai aparecer nos créditos de Roteirista, Diretor e Produtor.

Na hora dos agradecimentos na cerimônia do Oscar ou outras premiações, é comum se ouvir, os nomes dos avós, dos pais, da família, incluindo tios, irmãos, mulher ou marido, e filhos. Não é o caso do nosso filme. Que Jamais vai estar em exibição. Quero dizer, com início, meio e fim, em um cinema perto de você.

A minha lista é grande e não vai caber aqui. E não vou lembrar assim, de cabeça, todos os nomes. O que posso dizer, sem medo de errar, é que tenho muitos créditos a fazer. De conhecidos e desconhecidos que em algum momento me ajudaram na minha jornada. Sem eles e elas, não estaria aqui agora escrevendo este texto.

Por: adolfo.wyse@gmail.com





Sobre trilhas sonoras

Já disse aqui,  que não tenho nenhuma qualificação para a crítica, seja de um filme, um livro, uma música, um quadro ou uma peça de teatro.

O que tenho é uma sensibilidade para sentir a beleza em todas as suas formas, através dos meus olhos e ouvidos, os canais que captam e fazem a  conexão direta, com a alma, onde, em última instância, todas essas impressões são recolhidas e transformadas em emoção, que faz o coração vibrar e a alma dançar.

O Cinema, que consegue abarcar todas as artes, a saber: fotografia, literatura, teatro, pintura, e música, o qual é o principal tema deste post, é o modelo ideal para auxiliar no entendimento final.

Quantos filmes vocês viram e saíram do cinema emocionados muito mais por conta da trilha sonora que vai nos lembrar para sempre do filme, mais que a história, os atores, o cenário.

Neste momento não consigo lembrar de todos, até porque vi muitos filmes  mas lembro de um que me marcou muito e outro, que assisti esta semana, que inspirou este post.


Um deles foi o filme “Encontrando Forrester ”  com o Sean Connery, fazendo o papel de um escritor famoso, em reclusão, que acaba sendo o mentor de um jovem negro aspirante a escritor. O tema em si já bastaria para me encantar, mas o que me hipnotizou mesmo, foi a trilha sonora, “Over The Rainbow” com o Israel Kamakawiwo’ole,  cantando em um arranjo simples, tocando o seu ukulele e emendando com a música “What a wonderful Word”,  um clássico de Louis Armstrong.


Ao fim do post vou presentear vocês com uma pequena playlist que vai provar que é verdade este bilhete.

O filme que assisti esta semana, foi “Dias perfeitos ” do Wim Wenders, diretor alemão, que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o que já é um baita selo de avaliação para levar qualquer um ao cinema. Mas o que me levou mesmo foi a trilha sonora, que alguém vazou nas redes, me fisgou e depois mais uma vez quase fui abduzido, quando vi o filme, e minha alma queria saltar do corpo.

A primeira música que aparece é ” A casa do sol nascente” com o The Animals, que é um hino para mim, e uma das músicas temas do meu site,
que não por acaso se chama,  

www.acasadosolnascente.com.br

Tem a música, “Perfect Day”do Lou Reed, “Sitting on the dock of Bay” com o Otis Redding, e outras.
No meio do filme,  em um bar que o personagem principal frequentava, uma japonesa que atendia, canta a pedidos, “A casa do sol nascente” em  japonês com uma letra acrescida de novos versos.

A coisa vai num crescendo e no fim do filme, escutamos Nina Simone cantando “Felling Good!, fazendo a tela estremecer , e o The End aparece na tela, com as letrinhas descendo todos os respectivos créditos.

Para quem disse que não tinha qualificação crítica, até que não sai muito mal.

Quando deixarem seus comentários no site, deixem o nome do filme, e pode ser mais de um, que a trilha sonora ficou encravada na alma de vocês!

por: adolfo.wyse@gmail.com

Os Sinais.

Já fiz um post sobre como me incomoda,  constrange mesmo, o assédio de pedintes, e nem sei mais os classificar, para ser politicamente correto, se, como sem teto, moradores de rua, pedintes, mendigos ou miseráveis.

No primeiro post eu falei sobre aqueles que habitam o metrô diariamente, repetindo sempre a mesma narrativa, que está desempregado, que não recebe ajuda de nenhuma destas instituições sociais, que na propaganda da TV e Redes Sociais, soam como a oitava maravilha do mundo. E ao fim do discurso sai recolhendo as contribuições que o povo brasileiro, de boa fé, contribui para amenizar o sofrimento do outro e aplacar a sua consciência de bom samaritano. E enquanto recolhe os donativos, vai falando: Deus está vendo! Como uma ameaça de castigo para aqueles,  que como eu, não abriram a carteira.


Mas ontem, a cereja do bolo, que me inspirou este post, segue abaixo.

Almoçando, com dois amigos, em um restaurante no centro do Rio de Janeiro, mas com mesas ao ar livre, mas que permitia a passagem de pedestres, fomos abordados por um rapaz adolescente, com uma destas caixas de balas na mão, que pediu dinheiro ou comida, e nós o dispensamos com educação e indiferença.

Quando ele se virou para ir para outra mesa, eu li nas costas da camiseta dele: “Deus tenha pena destas pessoas ruins”.

Quando me encaminhei para o metrô da Carioca, para voltar para casa, escutei um daqueles pregadores do deserto, com aquela velha e gasta mensagem, que hoje serve para ilustrar charges e quadrinhos, onde um homem velho, com um cartaz na mão anuncia com letras garrafais: O Fim está próximo!

Por: adolfo.wyse@gmail.com

A criança interior!

“O menino é o pai do homem”. Esta frase encontrada no livro “O menino e o Bruxo” de Moacyr  Scliar que narra o encontro de um menino com o Bruxo do Cosme velho, como ficou conhecido Machado de Assis, ilustra o encontro do Machado velho com ele menino, e enriquece o entendimento do que vai ser este artigo.

Já é de domínio público, isto é, replicado de geração para geração, que quando envelhecemos viramos crianças novamente. Quem nunca ouviu: parece criança!

Vou deixar para os especialistas de plantão, psicólogos, psicanalistas, explicar a diferença entre crescer e envelhecer. Porque tem muita gente que  envelhece e não cresce também.

E agora mesmo me pergunto em que categoria me encaixo, e me vejo enquadrado nas duas. Envelhecendo, chegando ao quarto tempo (Medida de um jogo de basquete – quatro tempos de 12 minutos cada), convertendo para o tempo humano, quatro quartos de 25 anos cada, mas ainda me sentindo como criança, diante das responsabilidades que a vida exige, e a maior delas é aprender a viver e amar, sem reservas e sem discriminar quem quer que seja, como uma criança faz, até começar a ser educada para competir e criar muros, e quando a gente vê, não dá mais para descer.

A única certeza que tenho, é que é um processo pessoal e intransferível. E cada um vai buscar jeitos e maneiras de cumprir a jornada do herói, que qualquer livro de -ajuda sugere um passo a passo, que ao fim e ao cabo, nos diz aquilo que Sócrates já pregava:
Conhece-te a ti mesmo.

Assim, se vocês me virem jogando peão, bola de gude, botão, soltando pipa, colecionando figurinhas, não se alarmem. Estou buscando minha criança interior, que um dia se perdeu, ou se escondeu, assustada,  quando a vida disse: chegou a hora de mudar de fase. Acabou a infância, começa a adolescência, depois virá a vida adulta, e por fim a velhice. E depois o The End, que dizem ser uma porta para outra jornada, sob novas condições de temperatura e pressão. Assim espero!

Por: adolfo.wyse@gmail.com

É domingo!

É domingo! Sei disso porque já vivi muitos domingos. É dia de acordar tarde, espreguiçar a manhã, ler e reler o jornal do dia, antes ou depois da missa, ritual sagrado para os católicos.

Tem o almoço de família, enquanto os pais, mantém a tradição, e enquanto os filhos não crescem, e saem de casa, em busca de tudo que o ser humano necessita, um trabalho, que se não é o dos sonhos, pelo menos garanta um sustento digno, para dois no início, e depois para os filhos também, e o círculo se fecha, e o almoço de domingo, ganha nova configuração. Avós, enquanto vivos, pais, filhos e netos em volta da mesa.

Os saudosistas vão dizer,  que os domingos não são mais o mesmo, embora estejam errados, o domingo, o dia,  é o mesmo. E argumentam: No nosso tempo e aqui mais uma vez esquecem de dizer que o tempo abraça a todos, e as mudanças são percebidas no comportamento social e cultural.

Se antes, o programa da tarde era ir ao estádio, assistir o campeonato regional ou mesmo um jogo de várzea, privilégio dos homens, até então, a televisão estendeu o alcance para os campeonatos internacionais.
A mesma coisa pode se dizer, da sessão da tarde dominical nos cinemas do bairro e do centro.
Com o advento dos vídeos em fita e depois dos serviços de assinatura, os cinemas começaram a fechar e o que era um hábito saudável, sair para ir ao cinema, ao jogo, tornou-se um hábito sedentário, sentar no sofá da sala e assistir à TV.

Com a revolução da internet, a vaquinha deitou de vez, expressão muito usada por comentaristas de Basquete. Que significa, a vaquinha cansou, adeus as visitas de domingo na casa dos amigos, o chá da tarde das amigas.

E o refrão dos Mosqueteiros (Um por todos, todos por um), virou (Cada um por si e Deus por todos)
Mas é domingo, cada um vai curtir o seu, e todas as opções estão abertas.

Por: adolfo.wyse@gmail.com

Livros para ler antes de morrer.

Esta lista subjetiva, como todas as listas, pode variar de cem a mil, dependendo, é claro, do interesse e do tempo de cada um. Vou ficar com uma de cem, encontrada na internet, que lista desde os clássicos, até os mais atuais, consagrados como literatura universal, divididos em categorias, que não é necessário descrever aqui

Caso você seja um amante dos livros, como eu, e sentir que a lista está se esgotando, isto é, já leu quase tudo, não precisa levar ao pé da letra, o título, entendendo que ao fim da leitura, vamos morrer. Se existe uma coisa que nunca vamos saber, é isto, e nem se vamos gabaritar antes que o último grão da ampulheta…

E não está escrito em lugar nenhum, que não podemos fazer releituras (e nem precisamos disto), uma vez que a biblioteca é infinita. Eu gosto de releituras. Reativa a memória que o tempo vai corroendo.

Não fiz a minha lista, como manda o figurino, listando de um a cem. Mas num apanhado geral, listando os meus autores preferidos, pelo conjunto da obra, já atingiria essa meta. Juntando Borges, Julio Cortázar, Gabriel Garcia Marques e José Saramago, já daria mais de cinquenta.

Mas não estamos em nenhuma competição, não é mesmo?
Vou concluir, que assim como tem gente, muita gente, que disputa ou corre por prazer, maratonas, eu leio livros.

Li quando tinha vinte anos, “O jogo da Amarelinha”, com 699 páginas. E ” Cem anos de Solidão”, com 471 páginas.
No ano passado. Com 73 anos, li “Grande Sertão – Veredas” de João Guimarães Rosa, com 435 páginas.
Agora em Abril, com 74, li os dois volumes de “Os irmãos Karamazov” com 999 páginas, e “Crime e Castigo”, com 563 páginas, do Dostoiévski.

Neste intervalo de 54 anos, li muito mais livros, que, se um dia a minha memória me ajudar, e o Oráculo está ai mesmo, para lembrar, eu vou fazer a minha lista, não definitiva, e sem qualquer intenção de ostentação, como se vê, diariamente nos canais de comunicação, principalmente TV, escritores, intelectuais e outros, posando com uma biblioteca de pano de fundo, que dá para perceber a olho nu, pela arrumação dos livros, se são novos ou velhos, e ficamos nos perguntando? – Esse cara leu tudo isso?