Da alma e do The End. (Livro Canção para Iara)
Esta é uma conversa fácil de levar; o tipo da conversa fiada, que a gente fia no botequim, no modo e no jeito, como Noel Rosa fez em “Conversa de Botequim”.
De todos os pontos que eu quero encontrar o ponto final é o último deles e, mesmo assim, vou tentar substituir pelo “continua no próximo capítulo”, “breve em um cinema perto de você” e, embora o meu fôlego tenha melhorado depois que parei de fumar, essa coisa de trilogia em letras soa como uma aberração.
Tive esse insight (o que é um estrangeirismo de marca maior, desde que a Light comprou a Fiat Lux) quando, na fila do banco, começou aquele zum-zum-zum, zumbido de abelhas rainhas e alguns zangões, que equivalem, na hierarquia, a família dos marimbondos.
Pra gente ver que esse sistema de castas já vem antes de Noé fazer a triagem. Todo mundo reclamando e nesse momento parece que todos têm um encontro marcado para xingar a mãe do Juiz, que só vai saber que foi ovacionada, mais de uma vez, no domingo, quando os times entrarem em campo.
Em seguida, um senhor, sem levantar a voz, com uma serenidade que faz pausar o tempo, diz: “para onde eu vou, não tenho a menor pressa”.
Sem corpo, a alma não vai a lugar nenhum, e vice-versa, disse o Saramago, como se confere abaixo:
“… O espírito não vai a lugar nenhum sem a perna do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltasse as asas do espírito.”
(Todos os Nomes–José Saramago)