Arquivo mensal: Julho 2020

Da Alma e do The End

Da alma e do The End. (Livro Canção para Iara)

Esta é uma conversa fácil de levar; o tipo da conversa fiada, que a gente fia no botequim, no modo e no jeito, como Noel Rosa fez em “Conversa de Botequim”.

De todos os pontos que eu quero encontrar o ponto final é o último deles e, mesmo assim, vou tentar substituir pelo “continua no próximo capítulo”, “breve em um cinema perto de você” e, embora o meu fôlego tenha melhorado depois que parei de fumar, essa coisa de trilogia em letras soa como uma aberração.

Tive esse insight (o que é um estrangeirismo de marca maior, desde que a Light comprou a Fiat Lux) quando, na fila do banco, começou aquele zum-zum-zum, zumbido de abelhas rainhas e alguns zangões, que equivalem, na hierarquia, a família dos marimbondos.

Pra gente ver que esse sistema de castas já vem antes de Noé fazer a triagem. Todo mundo reclamando e nesse momento parece que todos têm um encontro marcado para xingar a mãe do Juiz, que só vai saber que foi ovacionada, mais de uma vez, no domingo, quando os times entrarem em campo.

Em seguida, um senhor, sem levantar a voz, com uma serenidade que faz pausar o tempo, diz: “para onde eu vou, não tenho a menor pressa”.

Sem corpo, a alma não vai a lugar nenhum, e vice-versa, disse o Saramago, como se confere abaixo:

“… O espírito não vai a lugar nenhum sem a perna do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltasse as asas do espírito.”

(Todos os Nomes–José Saramago)


Fiado só Amanhã

A gente começa falando de uma coisa e acaba falando de outra, exatamente porque as coisas tem vários ângulos, medidas, dimensões e estamos falando apenas de um universo, quando já se fala por ai, a boca solta, de mundos paralelos, sub-mundos…

Desconfio que as tabuletas colocadas já estrategicamente atrás das caixas registradoras com os dizeres: – Fiado só amanhã – não foram somente idéia de algum gaiato português mas também um sinal da crueldade do novo sistema capitalista mostrando as suas garras, que passariam a ser conhecidas como leis do mercado:


1 lei: Da oferta e da procura.

2 lei: Vale quanto pesa.

3 lei: Dinheiro na mão calcinha no chão.


O conceito de crédito veio a seguir.

E o cartão de crédito,mais uma vez, invenção de algum gaiato e não vamos aqui denegrir a imagem dos bravos comerciantes portugueses, deu o golpe fatal no consumidor final com a criação da ilusão de comprar sem dinheiro. Compre e pague depois, via fatura, boleto, carnês de crediário, cartão.

Finalizando, que o tempo é curto, diante da impaciência dos leitores, posso sustentar a teoria de que todos os complexos, não só os de inferioridade ou superioridade nasceram ou se desenvolveram após o culto de Natal, com a troca de presentes.

No dia seguinte o espírito de competição se instala quando você vê seu vizinho, amiguinho, exibindo a bola de couro nr 5 enquanto você segura constrangido a nr 1, quando não uma de plástico ou de meia.

Em busca de um Agente

Em 2016 publiquei o livro “Canção para Iara”.
É um livro leve de poesia e crônicas  que se lê de uma sentada. Ideal para as mentes preguiçosas de hoje em dia.

Como dito no prefácio de orelha, eu o escrevi, não posso elogiá_lo. Mas agora com o devido distanciamento critico é um livro bom e numa avaliação de 5 estrelas , marco 4.

Sabemos todos que mesmo as produções culturais estão sujeitas as leis do mercado S/A. E todo produto tem preço estipulado e o livro não foge a regra da oferta e da procura.

Como todo produto precisa estar exposto em vitrines, prateleiras, em livrarias, bancas de jornais, divulgado nos canais competentes, jornais, radios, tv e internet.

O que não é visto não é lembrado e chegamos então aos 3 pontos cardeais, que orientam todo o processo: Patrocínio, propaganda, e publicidade, que pra mim significam a mesma coisa: Marketing.
Ninguém chega a uma grande e respeitada editora sem um bom agente, assim como os  jogadores de futebol a um Grande clube, sem um bom empresário. É claro que você precisa ter um bom peixe pra vender.
E a menos que você  encontre um mecenas, ninguém vai investir um tostão no seu produto sem alguma garantia de lucro, a curto, médio ou longo prazo. Para isso são medidos custos de edição, distribuição, armazenamento, fretes e margem de lucros.

Tudo isso pra dizer que preciso de um agente, um patrocinador, para fazer a roda girar e quem sabe um dia ver o meu livro estampado em todas as boas livrarias do ramo.